Preço do leite pago ao produtor registra alta de 16%

Valor atingiu recorde para mês de julho

29/07/2020 às 17:23 atualizado por Douglas Ferreira - SBA | Siga-nos no Google News
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O Cepea divulgou nesta quarta-feira (29), a análise para o mercado de leite, no qual aponta que o preço do leite ao produtor no mês de julho, referente à captação de junho, atingiu R$ 1,7573 por litro na “Média Brasil” líquida do indicador da Esalq/USP, altas expressivas de 16,1% em relação ao mês anterior, e de 25% frente ao mesmo período do ano passado (a série foi deflacionada pelo IPCA de junho deste ano).

Esse é o maior valor registrado para um mês de julho e o segundo mais alto de toda a série histórica do Cepea (desde 2004), atrás apenas da média de agosto/16 (R$ 1,7751/litro).

A alta nos preços se deve à maior competição entre as indústrias de laticínios para garantir a compra de matéria-prima em junho. A concorrência acirrada, por sua vez, esteve atrelada à necessidade de se refazer estoques de derivados lácteos.

Tipicamente, as indústrias empenham esforços nessa direção antes de abril, prevendo que a captação caia nos meses posteriores. Contudo, neste ano, as perspectivas negativas sobre o consumo nos médio e longo prazos diante da pandemia da covid-19 aumentaram o nível de incerteza em abril e diminuíram os investimentos das indústrias em estoques.

Com a reação no consumo (ancorada nos programas de auxílio emergencial), as vendas de lácteos se fortaleceram em maio e junho, reduzindo ainda mais os estoques. Diante disso, houve expressivas altas nos preços dos derivados lácteos em junho: de 17,7% no caso do UHT, de 23% para a muçarela e de 10,9% no leite em pó.

No campo, a oferta restrita em junho resultou em disparada no valor do leite spot. Na média de junho, o preço do leite spot em Minas Gerais ficou 45% acima do de maio, em termos nominais, chegando a R$ 2,28/litro.

É importante ressaltar que existe uma tendência típica de aumento das cotações ao produtor entre março e agosto, devido à sazonalidade da produção. Neste período, a captação de leite é prejudicada pela baixa disponibilidade de pastagens, em decorrência da diminuição das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste.

No entanto, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou alta de 4,5% frente a maio na “Média Brasil”, puxado pelos aumentos de 10% no volume captado no Rio Grande do Sul, de 7% em Santa Catarina e de 7,4% no Paraná.

A maior captação no Sul, por sua vez, esteve relacionada às melhores condições climáticas e também à ampliação do fornecimento de concentrado e silagem, estimulados pelos elevados patamares de preços do leite.

Custos também em alta

Vale destaca que, comparado ao ano anterior, os custos de produção leiteira estão maiores. Pesquisas do Cepea mostram que, com o recuo nas cotações do milho em junho, o pecuarista leiteiro registrou melhor relação de troca neste ano frente ao cereal, sendo necessários 35,2 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg de milho.

Entretanto, em junho de 2019, eram necessários 24,9 litros/sc 60 kg. Dessa forma, o poder de compra do produtor de leite diminuiu quase 30% na comparação anual.

 

Com informações Cepea


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