Hidroponia reduz tempo de produção de mudas de banana nas biofábricas

Pesquisa comprovou também que a hidroponia é mais sustentável que o sistema convencional

31/01/2020 às 13:34 atualizado por Redação - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: Alessandra Vale

 

Estudo inédito da Embrapa em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) reduz de 30 para 18 dias em média o tempo de produção de mudas de banana em biofábrica. A novidade é a utilização da hidroponia, uma técnica de cultivo de plantas sem solo, em que as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada que contém água e os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta. O emprego dessa tecnologia na fase de aclimatização do processo conseguiu elevar de 12 para 20 o número de ciclos de produção no ano, um aumento de aproximadamente 65% na quantidade de mudas.

O aumento da produtividade é alcançado com a combinação de dois fatores: a redução do tempo que a muda leva para atingir o ponto de colheita e a redução das perdas. A mortalidade de plantas ficou em torno de 4% com a nova técnica, enquanto no sistema convencional o índice é de 18%.

Iniciada há dois anos, a pesquisa comprovou também que a hidroponia é mais sustentável que o sistema convencional. Os pesquisadores registraram redução do uso de água, diminuição na aplicação de fertilizantes e, com a automatização do sistema, a menor necessidade de mão de obra.

O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) Maurício Coelho explica que a hidroponia é utilizada em cultivos intensivos de hortaliças, mas não há referências do uso da técnica para a produção de mudas micropropagadas de banana. “A inovação está na adaptação do sistema especificamente para a produção de mudas. Deu muito certo com as mudas de banana, mas a ideia é ampliar para outras culturas. Já começamos a testar com mandioca, por exemplo, e com muito êxito,” revela.

Surgiu da necessidade de reduzir o tempo da pesquisa

A ideia de desenvolver essa tecnologia surgiu a partir de demandas de pesquisas da Unidade, que trabalha com fruteiras tropicais e mandioca. “Há muito tempo a gente tem verificado a dificuldade de se obter mudas de forma rápida para os nossos experimentos de tolerância à seca. Precisamos multiplicar e ter esse material com mais rapidez para fazer esses trabalhos com as diversas culturas que trabalhamos aqui. Começamos a realizar testes com citros, mandioca e com a banana já conseguimos fechar todo o ciclo. Uma técnica que foi desenvolvida a princípio para atender a uma necessidade nossa pode agora beneficiar a produção de biofábricas de banana País afora”, informa Coelho.

A pesquisa integra a dissertação de mestrado em Engenharia Agrícola na UFRB de Iumi Toyosumi e se insere no escopo do Programa de Melhoramento Genético da Banana e Plátanos da Embrapa. Atualmente, Toyosumi continua os estudos nessa área em seu doutorado na mesma universidade sob a orientação de Coelho.

O pesquisador salienta que os resultados podem variar de acordo com a cultivar utilizada. No caso desses experimentos, optou-se pela Prata Anã, por ser a banana mais consumida no País e que apresenta maior demanda nas biofábricas.

Foto: Alessandra Vale

Qualidade superior das mudas

Coelho conta que a hidroponia viabiliza uma condição ótima de trabalho, por evitar ocorrência de deficiência nutricional e de estresse hídrico, já que a água e os nutrientes necessários para a produção estão presentes o tempo todo no sistema. Com isso, a planta pode absorver exatamente aquilo de que necessita. “A vantagem de trabalhar com a hidroponia é justamente padronizar as condições de água e nutrientes. A técnica garante uma solução equilibrada, com pH, condutividade elétrica [concentração de sais na solução] e todos os nutrientes. Assim, você tem uma planta com mais raiz e, portanto, crescimento mais rápido, o que aumenta e muito a produtividade,” detalha o cientista.

Ele revela que a ausência de estresse hídrico ou nutricional gera mudas maiores, mais vigorosas e bonitas. “Por isso, a gente acaba obtendo uma qualidade superior das mudas, que ficam mais uniformes, e com menor uso de insumos”, avalia.

Com informações Embrapa


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