El Niño irá provocar queda de 10% na safra de grãos de Goiás

Na Tecnoshow Comigo, os produtores destacam pessimismo com a colheita e com finanças

09/04/2024 às 11:26 atualizado por Luiza Vonghon - SBA | Siga-nos no Google News
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O El Niño, com características de chuvas irregulares e aumento da temperatura, se confirmou novamente e vai trazer prejuízos para os produtores goianos na safra 2023/24. 

Os efeitos do fenômeno climático devem provocar uma queda média de 10% na produção de grãos do Estado, que no ciclo passado foi de 33 milhões de toneladas. A produtividade esperada é de, aproximadamente, 50 sacas por hectare.

A estimativa foi divulgada pelo secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás, Pedro Leonardo Rezende, no primeiro dia da 21ª edição da Tecnoshow Comigo. A feira, promovida pela Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), acontece até sexta-feira (12/4), em Rio Verde (GO).

Apesar de uma redução nas projeções iniciais, que previam recuo de 15% a 23% na produção, a realidade de alguns produtores será diferente do que apontam os números oficiais. 

Segundo o produtor Luciano Jayme Guimarães, que cultiva 800 hectares de soja e milho em Rio Verde, essa foi a pior estiagem e a temperatura mais quente que ele presenciou em 43 anos de atividade. “O que mais me surpreendeu foi o calor do solo. Eu nunca vivenciei uma temperatura alta como essa. Têm produtores que já perderam 70% da lavoura. Eu tive uma quebra de 25% na produtividade em relação à safra passada. Vou colher 17 sacas a menos por hectare”.

O custo maior de produção e a baixa no preço da commodity desequilibraram ainda mais a conta e trouxeram saldo negativo para muitos.

O produtor José Roberto Brucceli cultiva 5 mil hectares com soja, milho e sorgo, em Rio Verde e mais seis cidades da região, e explica que com produtividade média de 60 sacas/ha, produtores só conseguirão pagar o que gastaram para produzir, não restando dinheiro para investimentos e arrendamentos firmados.“Não teremos capital de giro e garantias para seguir em frente. Já estamos condenados a não ganhar dinheiro no ano que vem porque com o valor de produção atual, só conseguiremos pagar os custos. Acredito que 10% dos produtores aqui da região sairão da atividade”.

 

Informações: Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás;GloboRural


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