Pesquisas apontam Fosfato Natural de Bonito (MS) e Potássio Natural (KMC) como alternativas de adubação segura e sucesso de uma boa pastagem

Mas afinal, adubar as pastagens é uma prática necessária?

22/03/2024 às 14:30 atualizado por Clarissa de Faria - SBA | Siga-nos no Google News
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Sabemos que a prática da pecuária depende e muito de uma pastagem que forneça todos os nutrientes básicos (macro e micronutrientes). Esse alimento, nos seus mais variados tipos de capins, necessitam de um solo fértil e, muitas vezes, recuperado. A equipe do Canal do Boi foi conhecer de perto os estudos da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, que circundam o uso do Fosfato Natural extraído de rochas do município de Bonito (MS) e o Potássio Natural (KMC). O engenheiro agrônomo e pesquisador da instituição, Sandro Cardoso, explica como o trabalho vem sendo desenvolvido e destaca a importância da disseminação da prática segura.


Os estudos e pesquisas iniciaram em 2019, certo? O que induziu os técnicos e instituição ao realizar esses testes?
Sandro Cardoso - Sim, em novembro de 2019, iniciamos as avaliações do Fosfato Natural de Bonito em Brachiária Brizanta cv. Piatã a campo. A decisão de iniciar os estudos se deu principalmente pela necessidade de disponibilizar ao produtor rural novas alternativas, através de um corretivo de solo de menor custo, natural e que propiciasse respostas positivas no solo e na planta.


Qual evolução temos nesse quesito de adubação mineral, sem o uso de produtos químicos etc?
Sandro Cardoso - A adubação natural com rochas moídas é uma prática muito antiga. O que na nossa avaliação impulsionou as mineradoras e os estudos científicos em grande parte foi a normatização do uso dos remineralizadores realizada pelo MAPA em 2016 da lei 6.894, de 1980 e Lei 12.890, de 2013, que estabeleceu as especificações e garantias, as tolerâncias, o registro, a embalagem, a rotulagem e a propaganda dos remineralizadores destinados à atividade agrícola. 

 

Então, quais foram os avanços, desde então? 
Sandro Cardoso – O uso dos reminaralizadores na agricultura e na pecuária vem aumentando ao longo dos anos, onde os estudos científicos sejam pela iniciativa pública ou privada assumiram um papel fundamental para estes avanços, testando e avaliando diferentes materiais em diferentes culturas em grande parte do país, permitindo que o agricultor fizesse uso dos remineralizadores com mais segurança.


O que podemos observar nos estudos realizados até o momento e como se dá essa implantação nas propriedades do Estado, por exemplo?
Sandro Cardoso - No Centro de Pesquisa da Agraer somos um grupo de pesquisa trabalhando em pareceria com outras Instituições e Universidades em dois projetos implantados, um em 2019 denominado “Efeito do Fosfato Natural de Rocha de Bonito em Brachiária Brizanta cv piatã” (2019 até 2024), e outro denominado “Efeito de diferentes doses do Fosfato Natural, do Potássio Natural e do Adubo Solúvel em Brachiária Brizantha cv. Piatã” implantado em 2022 até 2024. O primeiro projeto (2019) numa parceria com a Edem (Empresa Mineradora que extrai e comercializa o Fosfato e o Potássio Natural), e o segundo projeto implantado em 2022 financiado pela Fundect/MS, com a parceria da EDEM. Em ambos os projetos estão sendo avaliados as respostas dos corretivos de solo em relação a produção de massa seca da forrageira, concentrações dos macros e micros elementos no solo e nas folhas, análise biológica do solo e valor nutricional da forrageira. Ao longo dos anos de estudo observamos que o fosfato natural de bonito eleva a produção de massa seca da forrageira (kg ha-1), a concentração de fósforo no solo (mg dm3) e de parte dos principais macronutrientes nas folhas (g kg-1), observados nos dois estudos. O potássio natural vem de um estudo mais recente de 2022, embora seus resultados sejam iniciais e parciais já se pode observar uma pequena elevação na concentração de potássio nas folhas e no solo. A difusão dos resultados destes estudos, seja por dias de campo, palestras, pelos extensionistas da Agraer ou por matérias como estas, são fundamentais para que as informações cheguem ao produtor rural para que ele faça uso em sua propriedade, que é o nosso objetivo final.

 

O que é necessário acontecer para que essa prática seja cada vez mais adotadas nas pastagens?
Sandro Cardoso - Estas práticas à medida que os produtores rurais vão utilizando, automaticamente elas se difundem naturalmente e a adoção aumenta, no entanto, a necessidade de novas pesquisas com estratégias de difusão são imprescindíveis. Políticas Governamentais incentivando o uso dos remineralizadores seja na agricultura ou na pecuária (recuperação de áreas degradadas) também poderia contribuir para a adoção destas práticas, assim como, o papel dos técnicos no campo esclarecendo o produtor rural sobre as vantagens e as desvantagens do uso dos remineralizadores também é fundamental.

 

Em números, resultados e comparativos, o que as pesquisas revelam?
Sandro Cardoso - O estudo implantado em 2019 com o Fosfato Natural de Bonito nos indicou em todos os anos do estudo uma elevação de forma quadrática na produção de massa seca (kg ha-1) e linear para a concentração do fósforo no solo (mg dm3). Para fósforo, enxofre, cálcio, magnésio e nitrogênio nas folhas (g kg-1) avaliado no período das águas de 2023 as elevações variaram entre quadráticas a lineares nas cinco doses estudadas.
No projeto mais recente de 2022, em oito meses após aplicado no solo o Fosfato Natural em um solo inicialmente com 4,33 mg dm-3 de P passou para 10,34 mg dm-3 e 14,21 mg dm-3 de P nas doses de 150 e 300 kg ha-1 de P2O5 respectivamente. A massa seca de forragem (kg ha-1) passou de 2,5 t ha-1 para 4,07 e 4,5 t ha-1 respectivamente nas doses de 150 e 300 kg ha-1 de P2O5 no acumulado de três cortes (2023/2024). É importante que se diga que são dados parciais e que o IEA (índice de Eficiência Agronômica) fica próximo dos 55% quando comparados ao super triplo. Os números do Potássio Natural neste curto espaço de tempo de oito meses, em se falando de rochas moídas, apresentou incrementos mais tímidos, de 0,16 (testemunha) a 0,19 cmol dcm3 de K no solo e de 19 (testemunha) a 21 g kg-1 nas folhas, ambos na maior dose 400 kg ha-1 de k2O com IEA próximo a 40% nas folhas quando comparado ao cloreto de potássio. Estes resultados das pesquisas de anos, são o que nos dão segurança e nos movem a difundir o uso destes produtos e a continuar os estudos.

 

** A pesquisa é de autoria da Agraer e demais entidade parceiras, são elas: 
Parceiros/Finaciadores: Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), e a EDEM Agrominerais.

Pesquisadores Envolvidos:
Sandro Cardoso1 1Eng. Agr. Dr. Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural. Campo Grande, MS. E-mail: [email protected]
Edimilson Volpe2 2Eng. Agr. Dr. Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural. Campo Grande, MS. E-mail: [email protected]
Antonino H. Dias Neto3 3Eng. Agr. Msc. Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural. Campo Grande, MS. E-mail: [email protected]
Marta Pereira da Silva4 4Zootecnista, Dra. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – CNPGC. Campo Grande MS. E-mail:[email protected] 
Rodiney de Arruda Mauro 5 5Biólogo, Dr. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – CNPGC. Campo Grande, MS. E-mail:[email protected]
Jolimar Antonio Schiavo 6 6Eng. Agr. Dr. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Aquidauana, MS. E-mail:[email protected]
Tatiana da Costa Moreno Gama – Zootecnista, Dra. Professora/Pesquisadora Universidade
Católica Dom Bosco. [email protected]

 

 


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