Em discurso lido pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou aos participantes do Fórum Econômico Brasil-Índia um discurso comemorando as parcerias já realizadas e apontando para um futuro promissor entre os dois países, que realizam uma reunião amanhã, 8, em Brasília.
"Amanhã (terça, 8) estaremos reunidos em Brasília para aprofundar as relações bilaterais e alavancar projetos de cooperação. No atual contexto global de guerra tarifária e protecionismo, a integração entre brasileiros e indianos é estratégica. Somos duas das dez maiores economias do mundo", disse o texto de Lula. O presidente brasileiro era esperado para o encerramento do Fórum junto com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que também não compareceu.
A declaração diz que os dois países contam com mercados consumidores em expansão e empresários dinâmicos e inovadores. "Mas o fluxo de comércio não está à altura da magnitude do nosso potencial. Em 2024, foram apenas US$ 12 bilhões de intercâmbio comercial", disse o chefe do executivo no discurso.
Ele ressaltou que a pauta exportadora brasileira é tradicionalmente concentrada em poucos itens, mas que o País está determinado a mudar esta realidade. "A ambição do Acordo Mercosul-Índia, vigente desde 2089, pode impulsionar resultados em novos setores", previu.
"Neste semestre, esta será uma prioridade da presidência brasileira do bloco. Nos últimos dois anos, realizamos mais de 70 missões empresariais à Índia. No mesmo período, recebemos aqui no Brasil 40 visitas técnicas indianas", informou.
Lula destacou que, como líder global em tecnologia, a Índia tem muito a ensinar ao Brasil. "A cooperação em infraestruturas públicas digitais vai melhorar serviços de governo e tornar o ambiente de negócios mais seguro. Na área de energia, nossa trajetória bem-sucedida de colaboração em petróleo e gás tem se diversificado cada vez mais", afirmou.
Lula lembrou que Brasil e Índia já são parceiros da Aliança Global para Biocombustíveis, lançada na presidência indiana do G20, e que a Índia é o mercado de bioenergia que mais cresce no mundo. "O país estabeleceu como meta ampliar para 20% a mistura de etanol na gasolina e para 5% a proporção de biodiesel no óleo dióxido", informou. "O memorando de entendimento que adotaremos amanhã em Brasília vai reforçar nossas capacidades tecnológicas e regulatórias em energias renováveis", disse Lula, sobre a reunião prevista com Modi.
Lula ressaltou que a Índia é um fornecedor estratégico de insumos farmacêuticos ativos para o Brasil, e que o suprimento indiano foi essencial para o enfrentamento da pandemia da covid-19. "O acordo recente entre a brasileira Biomm e a indiana Wockhardt permitiu a retomada da produção nacional de insulina", disse.
Segundo ele, novas parcerias podem ampliar a fabricação de medicamentos e vacinas contribuindo para o fortalecimento do SUS, assim como as áreas de defesa e aeroespacial também oferecem possibilidades.
"O Conselho Empresarial que criamos neste fórum vai multiplicar ainda mais os canais entre empresários e as conexões entre as cadeias produtivas. Minhas senhoras e meus senhores, em um mês será comemorado o Raksha Bandhan, tradição indiana que celebra o vínculo entre irmãos. Que o simbolismo dessa festividade nos inspire a aprofundar os laços que já existem e que construímos um pouco mais ainda hoje", finalizou o presidente brasileiro.