Governo pode não cumprir com o anúncio do novo Plano Safra, diz economista

Para custeio e comercialização apenas 19% são recursos controlados e que recebem algum tipo de subvenção

27/06/2023 às 14:12 atualizado por Thiago Gonçalves - SBA | Siga-nos no Google News
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O Programa Agricultura BR 2ª Edição exibido pelo Canal do Boi nesta terça-feira (27), realizou a cobertura ao vivo do lançamento do novo Plano Safra que entra em vigor em 1° de julho e vai até 30 de junho de 2024. Durante o programa, o economista-chefe da Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), Antonio da Luz, fez uma avaliação de como os gaúchos receberam as informações do anúncio feito pelo governo referente aos recursos de R$ 364,22 bilhões com taxas de juros de 7 a 12,5%. Antonio disse que essas informações não estão corretas.

O primeiro ponto da análise é que apesar dos valores serem anunciados, o economista afirmou que o governo não tem a obrigação de cumprir com os créditos prometidos aos produtores porque a maior parte dos investimentos não pertence ao Executivo Federal.

“Do valor total anunciado, R$ 272 bilhões em sua maioria serão destinados para custeio e comercialização e apenas 19% são recursos controlados e subvencionados. Ou seja, não existe nenhum tipo de controle porque ele é livre e isso é importante para os nossos produtores saberem”, pontua Antônio. 

Em resumo, dos recursos anunciados para custeio e comercialização apenas 19% são recursos controlados e que recebem alguma subvenção do governo. Todo o restante de 81% não terá nenhum tipo de investimento do governo.

Outro ponto colocado pelo economista são os investimentos. Ele garante que 92 bilhões dos recursos anunciados representam 28% acima do ano passado e que 43% desses recursos são formados por R$ 31 bilhões com os juros livres e que 12% a 15% do montante tem os juros controlados, porém, sem equalização. Ou seja, a parte que o governo interfere desta parcela dos recursos para investimento é 53% do anunciado para investimentos e 19% da parte de custeio e comercialização.

“Nós imaginávamos que os juros iriam cair e cair muito, dado todo o discurso do presidente da República e dos membros do governo, inclusivo o ministro Carlos Fávaro que foi muito duro com o Banco Central. Eu acho um absurdo que está sendo falado em torno do Banco Central do ponto de vista técnico. Como economista eu me sinto inclusive incomodado. É de um negacionismo enorme não entender ou não querer entender o que o Banco Central está fazendo”.

O economista ressalta que o governo deveria gastar menos para enxugar a inflação. “Nós imaginávamos que o governo iria dar exemplo e não deu. Os juros não mudaram em relação ao ano passado, com uma diferença. No Plano Safra anterior nós tínhamos uma perspectiva de alta da Selic, neste Plano Safra nós temos uma perspectiva de baixa da Selic, tanto pelo boletim Focus quanto também pela curva de juros futuros do mercado financeiro” , dispara.

Sustentabilidade

A questão da sustentabilidade também tem alguns pontos que incomodam o economista. “Nada contra incentivar a sustentabilidade, muito pelo contrário. Só que incentivar a agricultura orgânica e agroecológica não é sustentabilidade. Isto não garante a segurança alimentar e sem segurança alimentar não existe sustentabilidade”, pontuou Antônio.

O economista ainda protesta destacando que o governo não se posicionou sobre o Seguro Rural e sobre algum tipo de ajuda aos produtores que foram atingidos pelas últimas estiagens no Rio Grande do Sul. 

Pontos Positivos

Os pontos positivos segundo Antônio da Luz, estão no aumento no limite de financiamento de investimentos para o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns e Proirriga) e Proirriga (Programa de Financiamento à Agricultura Irrigada e ao Cultivo Protegido). “O anúncio é bom, a prática nós vamos ver”, finaliza. 

Confira a entrevista:

 

 


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