Dono de égua com mormo vai à Justiça contra eutanásia

Reação a resultado de exames que comprovam a doença é baseada em estudo da USP

09/06/2023 às 22:07 atualizado por Valdecir Cremon - SBA | Siga-nos no Google News
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O dono de uma égua que teve diagnóstico positivo para mormo recorreu à Justiça para tentar impedir que o animal seja sacrificado. Uma ação, com pedido de liminar, foi ajuizada no Fórum de Campo Grande (MS) após a Agência Estadual de Defesa Animal (Iagro) receber laudos de dois laboratórios que confirmam a contaminação.

A reação de Léo Morbim Leite de Barros, dono da égua Capitu, é baseada em nota técnica do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), de março deste ano, que altera procedimentos do PNSE (Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos) para a classificação de contaminação de equinos. 

Caso confirmado de mormo interdita clube e cancela cavalgada

A legislação de combate e prevenção da doença determina a eutanásia de casos positivos. Léo Barros não informou se a liminar foi concedida e a reportagem não obteve a informação do Poder Judiciário.  

Capitu, segundo a agência, teria apresentado sintomas e diagnosticada com mormo por um laboratório contratado pelo governo de Mato Grosso do Sul e outro federal, de Pernambuco, especializado em doenças de equinos, dia 2 de junho. A legislação determina o sacrifícoo do animal 15 dias após o segundo exame.

O mormo é uma doença infecciosa, transmitida por água ou alimentos contaminados e que pode ser transmitida ao homem. O Brasil, segundo o ministério, não tem registros de casos de contaminação humana.

Léo Barros se apoia ainda em decisão da Procuradoria da República, de Goiás, que instaurou um inquérito contra o Ministério da Agricultrura, em fevereiro deste ano, com questionamentos sobre ações em casos positivos, principalmente sobre diagnósticos e a eutanásia.

“De acordo com a Nota Técnica, Capitu, animal da minha propriedade, não deve ser considerada como caso suspeito, provável ou sequer confirmado de mormo, devendo ter seu sacrifício suspenso, conforme vem sendo feito em outros estados do país”, disse o criador em nota enviada à reportagem.

Um estudo feito em 2018 pela USP (Universidade de São Paulo) questiona métodos de diagnóstico e aponta a possibilidade de laudos “falsos positivos” feitos em animais com sintomas que sugiram o mormo, como secreção nasal em grande quantidade, perda de peso e a formação de crostas nas narinas.

Outro lado

Para a Iagro, a questão é baseada nas normas em vigência, inclusive com a interdição e desinfeção do local onde a égua fica, em uma área de condomínio do Parque do Peão, em Campo Grande. O presidente da agência, Daniel Ingold, preferiu não comentar o assunto.

Também por conta do caso, o CLC (Clube do Laço Comprido) foi obrigado a adiar desta quarta-feira (7) para 4 de agosto uma cavalgada que deveria ocorrer no centro da capital do Estado para divulgação de uma etapa da competição nacional de laço. As atividades com equinos estão proibidas no local. O clube disse em nota que lamenta o ocorrido e se solidariza com Léo Barros. 

A égua está em uma propriedade vizinha ao clube.
 

Imagem de capa: Governo de Pernambuco


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