Licenciamento ambiental com prazos depende de votação no Senado

Projeto já passou pela Câmara, com regras que eliminam atrasos e morosidade

02/05/2023 às 11:24 atualizado por Valdecir Cremon - SBA | Siga-nos no Google News
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O marco legal do licenciamento ambiental busca resolver um dos problemas que mais incomodam o setor produtivo: a demora para análise dos pedidos, que pode chegar a dois anos. “O poder público inviabiliza o planejamento de investimento do empresário”, avalia o advogado Alexandre Aroeira Salles, especialista em direito ambiental.  

O texto do projeto de lei 2159/2021 estabelece prazos para que os órgãos licenciadores se pronunciem sobre o licenciamento, o que varia de acordo com a modalidade de licença. 

Se após esse processo o órgão não emitir um parecer sobre a licença pedida pelo empreendedor, este pode instaurar a competência supletiva do licenciamento ambiental, o que significa acionar o próximo ente federado para tentar a liberação. Ou seja, se o órgão responsável pelo licenciamento era do município e não atendeu dentro do prazo, recorre-se ao estado; se o estado não resolver, busca-se a União.  

O advogado Marcos Saes, consultor da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, acredita que a modernização da lei vai trazer mais investimentos para o Brasil.

"Especialmente os grandes projetos já cumprem mais do que está exigido na legislação brasileira. Qual é o problema desses projetos? Se houver regras claras e com isso se tiver um prognóstico melhor e uma previsibilidade maior, não é nenhuma opinião, é um fato que você vai atrair o investimento de projetos sustentáveis", completa. 

Dispensa de licenciamento

Outra mudança prevista pelo projeto é a dispensa de licenciamento ambiental para algumas atividades e empreendimentos, como obras e intervenções emergenciais em resposta a colapso em obras de infraestrutura, a acidentes ou a desastres; obras de distribuição de energia elétrica de 69 kv (quilovolts); coleta e tratamento de água e esgoto e manutenção e melhoria da infraestrutura de portos e rodovias. 

É mantida a exigência de autorização para corte de vegetação nativa e uso de recursos hídricos. 

O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente, destaca que a falta de uma legislação clara e única para o licenciamento ambiental atrapalha o desenvolvimento do país. 

"A questão ambiental tem que contemplar previsibilidade, segurança jurídica para poder atrair investimentos. Hoje, um dos fatores que traz maior insegurança aos investidores, inclusive em áreas que são essenciais para o meio ambiente, como saneamento, é justamente a falta de segurança jurídica", afirma. 

Também estariam eximidos do licenciamento ambiental o cultivo de espécies de interesse agrícola temporárias, semiperenes e perenes; a pecuária extensiva e semi-intensiva e a pecuária intensiva de pequeno porte. Tais dispensas só valeriam para propriedades rurais regulares ou em processo de regularização, segundo o texto. 

Adesão e compromisso

Em relação aos serviços e obras de pavimentação ou duplicação de rodovias existentes, o projeto de lei prevê que poderá ser emitida a LAC (Licença por Adesão e Compromisso). A é uma declaração de adesão e compromisso do empreendedor de que aquela obra está de acordo com a lei e os requisitos estabelecidos pelo órgão licenciador.  

Críticos ao projeto afirmam que a LAC vai, na prática, eximir a dispensa de licenciamento dos empreendedores. Marcos Saes afirma que dez estados do país já adotam a licença por adesão e compromisso e que o Supremo Tribunal Federal considera a modalidade legal. 

O projeto de lei já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e aguarda análise do Senado Federal.

Fontes: Senado e Câmara dos Deputados

Imagem de capa: Pixabay


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