Entidades seguem manifestando repúdio à declaração da Apex-Brasil na China

CNA, Faep e Siran expressaram opiniões após associação de problemas ambientais à agropecuária

30/03/2023 às 16:30 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Nesta quarta-feira (29), a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) avaliou que o posicionamento da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) ao associar problemas ambientais com a produção agropecuária brasileira é um contrassenso aos objetivos do órgão. A declaração foi feita durante um seminário realizado em Pequim, na China, como parte da programação da missão do governo brasileiro ao país asiático. Leia o ofício enviado à autoridades na íntegra:

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vê com bastante preocupação o posicionamento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) durante seminário em Pequim, na China, quando relacionou problemas ambientais com a produção agropecuária nacional.

Cabe ressaltar que a missão da Apex-Brasil é promover as exportações e a atração de investimentos para setores estratégicos da economia brasileira, entre os quais destaca-se o agronegócio, atuando inclusive na promoção de negócios e na melhoria da imagem do País e dos seus produtos. Nesse contexto, a manifestação da Apex-Brasil, desabonando o setor que contribuiu, no último ano, com 47% das exportações brasileiras, soa, no mínimo, como um contrassenso aos objetivos da entidade.

É de amplo conhecimento a responsabilidade do setor produtivo da agropecuária com a sustentabilidade e com o respeito ao meio ambiente, tendo em vista o incremento de produtividade lastreado por práticas sustentáveis de produção. Todos os ganhos obtidos precisam, sim, ser exaltados, pois são fruto do uso intensivo da ciência e da tecnologia.

Atualmente, metade da área preservada de vegetação nativa no Brasil está centro de imóveis rurais, sendo protegida por agricultores. Ao mesmo tempo, apenas 7,8% de nosso território são ocupados por lavouras, percentual muito abaixo do apresentado por países como Estados Unidos, Alemanha, França e Índia.

Como membro do Conselho Deliberativo e parceiro em um importante convênio de promoção de exportações do setor agropecuário com a Apex-Brasil, a CNA vê-se na obrigação de cobrar uma postura da entidade em conformidade aos objetivos da sua missão, que é trazer ao Brasil investimentos em tecnologia e inovação para o agro e levar para o mundo o que temos de melhor, que são alimentos produzidos com a mais alta qualidade, com responsabilidade ambiental e padrões de produção.

Assim, reiteramos a disponibilidade da CNA em auxiliar a Apex-Brasil com dados e informações fundamentadas e atualizadas e atualizadas sobre a sustentabilidade do agro brasileiro.

Manifestações

Após a fala do presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana, houve diversas manifestações por parte de parlamentares e entidades ligadas ao agronegócio, como a senadora Tereza Cristina (PP-MS), que foi rebatida por Viana em uma rede social.

 

 

A Faep (Federação de Agricultura do Paraná) também emitiu um comunicado sobre o assunto, repudiando o discurso da Apex-Brasil. Veja na íntegra:

"Produtores rurais do Paraná repudiam a fala do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações de Investimentos – Apex-Brasil, para uma plateia de empresários da China, denegrindo o agronegócio brasileiro, ao invés de trabalhar para ampliar nossos negócios naquele país.

Disse o presidente da Apex-Brasil que os produtores rurais de nosso país são os responsáveis pelo desmatamento e outras ações de desrespeito ao meio ambiente. Nada disso é verdade, como já está sobejamente comprovado.

Que o Governo Federal prepare melhor seus representantes ligados ao exterior e os faça conhecer a realidade do agro brasileiro, altamente tecnificado e responsável pelos saldos positivos em nossa balança de pagamento externo, que sustentam nossas importações."

O diretor do Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste), Thomas Rocco, também comentou sobre a declaração. Veja:

 

A FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) e o ministro Carlos Fávaro também comentaram o assunto. Leia aqui.


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