Aumento do calor deve impactar produção de feijão

Áreas do Centro-Oeste, de Minas e Bahia devem ser as mais afetadas

18/03/2023 às 09:16 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: Sebastião de Araújo/Embrapa

Para atender à demanda por feijão, a produção da leguminosa no Brasil terá de crescer cerca de 44% até 2050, o que equivale a aproximadamente 1,5 milhão de toneladas a mais do que é produzido atualmente. Mas, de acordo com um estudo desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em parceria com a Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo), esse incremento deverá ocorrer em um cenário adverso para as lavouras, do ponto de vista climático, conforme dados levantados a partir do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (Organização das Nações Unidas). 

Para desenvolver a pesquisa, foram utilizados três diferentes sistemas de modelagem, ou seja, programas de computador que usam cálculos matemáticos para cruzar amplas bases de dados e avaliar como será o risco climático da produção de feijão. Também são averiguadas a produção e a demanda projetadas para o grão no futuro.

Segundo o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão e um dos responsáveis pelo estudo, Alexandre Bryan Heinemann, as análises apontaram para uma elevação de temperatura do ar entre 1,23 °C a 2,86 °C em meados de 2050, na área de produção de feijão no Brasil, dependendo do RCP (Caminho Representativo de Concentração) de gases de efeito estufa utilizado. Os RCPs (sigla para Representative Concentration Pathways) foram estabelecidos pelo painel da ONU e projetam cenários de aquecimento global e possíveis mudanças climáticas. Áreas da região Centro-Oeste e dos estados de Minas Gerais e da Bahia podem ser mais afetadas.

Foto: Divulgação/Seapdr

Ainda conforme o pesquisador, certa concentração de gás carbônico (gás de efeito estufa) na atmosfera contribui para a realização de fotossíntese e para a produtividade da planta. Mas o prejuízo causado pelos gases de efeito estufa na atmosfera pela elevação da temperatura do ar é muito maior, já que interfere, especialmente, na fase reprodutiva da lavoura, e provoca o abortamento de flores e a não formação de vagens e grãos na planta. Por isso, a tendência diante de um incremento entre 1,23 °C e 2,86 °C é que a produtividade diminua.

“São situações contrapostas: existe o impacto negativo do aquecimento global na produtividade em conflito com uma previsão de maior demanda pelo produto”, afirma Heinemann.

O equacionamento dessa questão, para o pesquisador, passa pela discussão de políticas públicas. “Os resultados da pesquisa colocam em debate assuntos como a expansão de novas áreas de produção de feijão e investimentos em pesquisa para a geração de cultivares mais adaptadas a estresses abióticos e a melhoria em eficiência no manejo das lavouras”, complementa.

Com informações da Embrapa


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