Após a notícia que o governo brasileiro está investigando o caso atípico de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina), conhecido como o "mal da vaca louca" em um animal de pasto, com idade avançada, no estado do Pará, o especialista em pecuária e apresentador do Canal do Boi, Jorge Zaidan, analisa o impacto no mercado bovino nacional, caso a doença seja confirmada. Confira:
A suspensão imediata das exportações consta do protocolo sanitário assinado entre o Brasil e a China. O Brasil é obrigado a comunicar o caso ao governo Chinês e, ao mesmo tempo, a suspender envio de carne bovina àquele país.
O embargo voluntário do Brasil deve durar até as autoridades sanitárias brasileiras e do exterior – no caso, a Organização Mundial de Saúde Animal – classificarem a suspeita como “atípica da doença” e descartarem a existência do mal em rebanho nacional.
Em setembro de 2021 houve suspeita semelhante em rebanhos de Mato Grosso e Minas Gerais. Os dois casos foram descartados, mas a volta dos chineses às compras demorou bem mais tempo do que o esperado pelos frigoríficos exportadores. À época, o preço da tonelada de carne bovina no mercado internacional chegou a cair 20%.
Os chineses voltaram a comprar, de maneira lenta, a partir de dezembro daquele ano.
Para o pecuarista, a suspeita gera especulações de mercado, e o preço do boi é pressionado pela indústria. aqui no brasil, o mercado registrou forte baixa no preço do boi em 2021. Foram baixas de R$10,00 a até de R$ 20,00 por dia.
A queda nas cotações levou o produtor a investir menos na produção do chamado “boi China”, um animal abatido até a idade de 30 meses, conforme exigência do importador.
Quando a China retomou as importações, não havia animais produzidos conforme a exigência estabelecida no acordo comercial. Em consequência, diante da escassez de oferta, a indústria foi obrigada a correr atrás de matéria prima, e a elevar, nos primeiros meses de 2022, as propostas de pagamento pela arroba do gado gordo. A cotação chegou a bater a casa de R$ 340,00/@ no primeiro quadrimestre do ano passado.
O caso atual traz uma coincidência. em 2021, dizia-se que a china estava insatisfeita com o preço da tonelada da carne bovina. Após os esclarecimentos sobre as suspeitas, houve demora na retomada do comércio. A China estaria forçando a negociação de preço. E agora, depois de uma cotação de US$ 4.823, na segunda semana de fevereiro, circulou a informação de que o preço estaria em alta novamente.
Em fevereiro do ano passado, o valor era de US$ 5.603. nesse intervalo, houve queda de quase 14%. é bom lembrar que, não faz muito tempo, no ano passado, a tonelada chegou a valer mais de US$6.000.
E sempre que há uma notícia de suspeita de casos de doença, fica obrigatório perguntar: a questão é sanitária ou puramente comercial?