Pesquisadores criam plano de manejo para conservação de abelhas sem ferrão

Estudo pretende avaliar os impactos da extinção dos insetos para a economia e o meio ambiente 

12/09/2022 às 09:10 atualizado por Elaine Silva - SBA | Siga-nos no Google News
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A abelha Uruçu Amarela do Cerrado (Melipona rufiventris), sem ferrão, é capaz de produzir até cinco quilos de mel por colônia ao ano. O inseto é o elo entre pesquisadores e técnicos em uma pesquisa inédita para evitar sua extinção.  

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, no Distrito Federal, instituições parceiras e meliponicultores (criadores de espécies de abelhas nativas) quer detectar o grau de risco de desaparecimento da abelha e discutir e estabelecer critérios para elaboração de um plano de manejo sustentável, que possibilite sua conservação. 

O inseto é responsável pela polinização de imensas áreas naturais e agrícolas e pela renda de pequenos produtores e agricultores familiares. Sua raridade, na natureza e na meliponicultura, faz com que seus produtos tenham maior valor agregado.  

O desmatamento de grandes áreas naturais para expansão agrícola ou para empreendimentos urbanos e o uso indiscriminado de agrotóxicos estão entre os principais motivos que colocam a espécie, nativa do Cerrado brasileiro, em risco. Soma-se a eles a predação de ninhos naturais para retirada criminosa de mel ou dos próprios ninhos, muitas vezes vendidos na internet, prática adotada por “meleiros”, o que pode ocasionar a morte do enxame. 

Rede de tráfico 

O pesquisador Antônio Carvalho, do Inma (Instituto Nacional da Mata Atlântica), descobriu uma rede nacional de tráfico de abelhas sem ferrão, pela internet.

Os principais grupos visados pelos vendedores nos 308 anúncios observados por Carvalho, foram jataí (Tetragonisca angustula), diversas espécies de uruçu (Melipona spp.), mandaguari (Scaptotrigona spp.) e  abelhas-mirins (Plebeia spp.). Entre as mais cobiçadas estão a uruçu-capixaba (Melipona capixaba) e a uruçu-nordestina (Melipona scutellaris), abelhas em perigo de extinção.

O pesquisador encontrou na internet vendedores de 85 cidades brasileiras. A maioria está localizada em áreas da Mata Atlântica, que comercializam colônias de abelhas a preços que vão de R$ 70 a R$ 5 mil. Dos 308 anúncios de vendas ilegais entre dezembro de 2019 e agosto de 2021, somavam R$ 123,6 mil. As vendas são feitas em espaços de fácil acesso. A maior parte, 79,53%, por exemplo, está no Mercado Livre.

Com informações da Embrapa 

Foto capa Thainara Nascimento


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