Pesquisador descobre rede de tráfico de abelhas sem ferrão

Anúncios ofertam os insetos por até R$ 5 mil, em anúncios feitos no Mercado Livre

14/06/2022 às 04:25 atualizado por Elaine Silva - SBA | Siga-nos no Google News
:
Abelhas são vendidas de R$ 70 a até R$ 5 mil. Foto: Rederico Rossi 

O pesquisador Antônio Carvalho, do Inma (Instituto Nacional da Mata Atlântica), descobriu uma rede nacional de tráfico de abelhas sem ferrão, pela internet. 

Os principais grupos visados pelos vendedores nos 308 anúncios observados por Carvalho, foram jataí (Tetragonisca angustula), diversas espécies de uruçu (Melipona spp.), mandaguari (Scaptotrigona spp.) e  abelhas-mirins (Plebeia spp.). Entre as mais cobiçadas estão a uruçu-capixaba (Melipona capixaba) e a uruçu-nordestina (Melipona scutellaris), abelhas em perigo de extinção.

“A gente já trabalha com essas espécies há muito tempo e já sabe que estão sendo inseridas a uma velocidade muito grande, principalmente nos últimos anos, por causa do tráfico e por causa da venda clandestina pela internet”, diz Carvalho. 

O pesquisador encontrou na internet vendedores de 85 cidades brasileiras. A maioria está localizada em áreas da Mata Atlântica, que comercializam colônias de abelhas a preços que vão de R$ 70 a R$ 5 mil. Dos 308 anúncios de vendas ilegais entre dezembro de 2019 e agosto de 2021, somavam R$ 123,6 mil. As vendas são feitas em espaços de fácil acesso. A maior parte, 79,53%, por exemplo, está no Mercado Livre.

Por meio de nota, o Mercado Livre diz que, conforme preveem os seus termos e condições de uso, é proibido o anúncio de espécies da flora e fauna em risco ou em extinção. A venda é proibida pela legislação ou pelas normas vigentes, assim como pelo anúncio de espécies de fauna silvestre. "Diante disso, assim que identificados, esses anúncios são excluídos e o vendedor notificado, podendo até ser banido definitivamente".

A empresa ainda acrescenta que não é responsável pelo conteúdo gerado por terceiros, conforme prevê o Marco Civil da Internet e a jurisprudência consolidada do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para plataformas de intermediação, mas que mesmo assim, atua no combate à venda de produtos proibidos e auxilia as autoridades na investigação de irregularidades.

A pesquisa foi publicada na revista inglesa Insect Conservation and Diversity e divulgada pela Agência Bori.

Criação e comercialização

De acordo com a resolução 496/2020 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a criação de abelhas-nativas-sem-ferrão deve ser “restrita à região geográfica de ocorrência natural das espécies” e é necessária autorização ambiental para a comercialização. Para transportá-las, é necessária a emissão da GTA (Guia de Transporte Animal), documento oficial de emissão obrigatória para o trânsito interdistrital e interestadual de animais.

Com informações da Agência Brasil 


Últimas Notícias