As ‘Perspectivas para a Agropecuária Safra 2022/23’, divulgadas nesta semana pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), indicam que no próximo ano safra os produtores de carnes, principalmente de aves e suínos, poderão se deparar com o desafio de gerenciar os custos de produção, diante de preços de milho em patamares mais altos. Neste cenário de custos elevados, a tendência é de uma menor margem de rentabilidade para o setor.
No caso da suinocultura, segundo o estudo, outro fator a ser considerado é a recuperação dos rebanhos chineses, atingidos fortemente pela PSA (Peste Suína Africana) a partir de 2018 e que tem impactado nas cotações internas de suíno vivo, além de influenciar na queda das exportações para a China. No entanto, o superintendente de estudos de mercado e gestão da oferta da Conab, Allan Silveira, destaca que novos clientes podem contribuir para atenuar essa redução.“Com a abertura de novos mercados, a exemplo de outros países do Sudeste Asiático e do Canadá, essa queda tende a ser amenizada”, afirma.
Ainda de acordo com a análise da Conab, a tendência para 2023 é de um aumento de 6,7% nos abates de suínos que, por sua vez, não deve se converter totalmente em aumento na produção da proteína em virtude do menor peso médio esperado em função dos elevados custos na alimentação dos plantéis.
Os abates de aves projetados para o próximo ano também tendem a apresentar crescimento de 3,2% em relação a este ano, sendo estimados em 6,29 bilhões de frangos, enquanto as exportações devem apresentar uma ligeira queda de 1,7%, podendo chegar a 4,5 milhões de toneladas. Essa combinação de fatores resulta em um provável aumento da oferta interna na ordem de 4,2%, elevando a disponibilidade per capita acima dos 51 kg/hab/ano.
Para os produtores de carne bovina, apesar do bom momento vivido em relação à demanda externa, a pecuária de corte sofre com o aumento de custos, principalmente em virtude do aumento dos preços dos bezerros nos últimos anos. Em função dessa alta, foi traçada nos últimos anos uma estratégia de retenção de fêmeas por parte dos criadores, o que explica o aumento do rebanho projetado para 2022 e 2023 e deve se refletir em uma projeção de alta nos abates no próximo ano em torno de 2,7% quando comparado com 2022, sendo estimado em 30,1 milhões de cabeças.
O gerente de produtos pecuários da Conab, Gabriel Correa, ressalta que mesmo que ocorra uma redução nas cotações, os custos não devem seguir a mesma tendência. “Apesar de haver previsão de queda do preço médio do bezerro, tal movimento não é suficiente para motivar uma queda geral nos custos, uma vez que a suplementação animal também tem sofrido com recentes altas”, afirma.
Esse incremento nos abates também indica um aumento de 2,9% na produção de carne bovina em virtude da possibilidade de que em 2023 inicie o processo de descarte de vacas, característico do atual momento do ciclo pecuário, o que também possibilita um acréscimo na ordem de 5% nas vendas ao mercado externo e ligeira elevação na disponibilidade per capita em 2023, se aproximando dos 26 kg/habitante/ano.
Com informações da Conab
Foto de capa: Arquivo Canal do Boi