O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta quinta-feira (19), a análise trimestral sobre preços e mercados agropecuários, com acompanhamento dos preços domésticos e internacionais até julho deste ano. O estudo aponta uma alta nos preços domésticos de todos os produtos acompanhados, com exceção da batata, na comparação entre o primeiro semestre deste ano e de 2020. Para a soja, o acréscimo registrado foi de 78%, já para o milho, de 77%, para o trigo 40%, algodão 75% e arroz, com aumento de 55%.
A edição conta com participação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), para as análises dos preços domésticos, e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para fornecer dados de produção e dos balanços de oferta e demanda domésticos.
Em relação aos preços internacionais, no primeiro semestre de 2021 e de 2020, somente o arroz apresentou queda, de 11%. Os demais produtos apresentaram elevação: soja, com alta de 65,9%, milho 72,3%, trigo 24,4%, algodão 38,1%, boi gordo 18,3%, porco magro 65,3% e carne de frango 24,2%.
“A alta observada nos grãos deve impactar os custos de produção da pecuária, o que pode influenciar negativamente a oferta dessas commodities e das proteínas animais no país”, considerou a pesquisadora associada do Ipea, Ana Cecília Kreter.
Grãos
Os preços da soja seguiram em elevação no país, impulsionados pela valorização dos prêmios de exportação e pela manutenção da alta demanda externa pelo produto. A confirmação da quebra de safra de soja na Argentina, e os baixos estoques brasileiro e norte-americano, aumentaram o preço em 1,9%, no segundo trimestre deste ano em comparação com o trimestre anterior.
Existe a expectativa de manutenção nas exportações do grão e derivados, principalmente do farelo, diante da restrição da oferta na Argentina.
O milho fechou o segundo trimestre de 2021 com alta de 11,9% frente ao primeiro trimestre deste ano, impulsionado pelos baixos estoques e pelo comprometimento de parte das lavouras, que tiveram a produtividade prejudicada pelas questões climáticas.
O consumo doméstico na safra anterior deve ser impactado pela baixa esperada na oferta em decorrência da queda na produção e na produtividade do milho.
A Conab revisou o valor para baixo, mas deve ficar 3,3% acima na comparação com a safra anterior, cenário que limita não só as exportações do cereal, como também é um dos responsáveis pelo aumento dos preços do milho no Brasil. O Cepea sinaliza que há maior remuneração das vendas internas, frente às exportações do produto.
O café arábica encerrou o segundo trimestre de 2021 com valorização de 17,5% nos preços na comparação com o trimestre anterior, impulsionado pela estimativa da quebra na safra brasileira atual.
Segundo o Cepea, há expectativa de oscilação em patamares elevados dos preços domésticos do produto no restante do ano. No mercado internacional, a demanda por café dentro do domicílio mais do que compensou a redução no consumo fora de casa provocada pela pandemia.
No segundo semestre, os preços devem se manter em patamares superiores aos de 2020, reflexo do aumento da demanda e da abertura de bares e cafés.
Carnes
Com relação às carnes, existe um movimento de substituição entre as proteínas animais, em parte, por questões sanitárias e, em parte, pela busca de proteínas mais baratas. Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021, houve valorização no preço das proteínas: boi gordo com alta de 4,9%, carne suína com acréscimo de 2,9% e carne de frango subiu 10,9%.
Os preços do boi gordo devem se manter em patamares altos até o final do ano, a depender do comportamento da demanda doméstica.
Para os suínos, a baixa disponibilidade do milho - importante insumo da suinocultura e que afeta diretamente o custo da ração animal-, deve contribuir para a alta dos preços tanto do suíno vivo quanto da carne, no terceiro trimestre de 2021.
No caso da carne de frango, o retorno das aulas presenciais em boa parte do país, deve contribuir para o aumento da demanda, por conta da composição da merenda escolar. Há perspectiva de elevação no preço do frango abatido no atacado no terceiro trimestre deste ano.
Com informações Ipea.