Setor leiteiro enfrenta dificuldades para operar em 2021

Disparidade entre valor do produto e preço dos insumos e tributações são os principais empecilhos para a atividade

13/04/2021 às 14:05 atualizado por Frederico Diegues* - SBA | Siga-nos no Google News
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O ano de 2021, já no início, mostra-se desafiador para os produtores de leite, registrando no primeiro bimestre alta de 6,3% nos custos concentrados de produção. Justificado pelo incremento no valor de insumos, principalmente os grãos utilizados na alimentação dos animais, o custo elevado de produção não acompanha o preço pago pelo litro de leite, que caiu em 7,5% no primeiro bimestre de 2021, apontam os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Para além desses fatores, os produtores também enfrentam dificuldades com seus canais de distribuição, sendo os principais: restaurantes; bares, feiras e similares, fechados por conta das medidas de controle da pandemia do novo Coronavírus, diminuindo drásticamente a venda de queijos e outros produtos lácteos e afetando todo o setor leiteiro.

A Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite) vem tabalhando junto ao Governo Federal desde o início da pandemia, sugerindo medidas que aliviaram as perdas do setor.

Segundo Geraldo Borges, presidente da Abraleite, o orgão vem trabalhando com outras entidades para amenizar a situação do setor leiteiro. “Os produtores tiveram e estão tendo dificuldades, o custo de produção subiu muito e a maioria está trabalhando no vermelho. A Abraleite está trabalhando firme, junto a outras instituições, para que a Reforma Tributária não traga maior tributação e que simplifique e diminua a carga tributária”, ele afirma.

Um dos produtores prejudicados pelo período foi José Fernando Gervásio, produtor rural com 12 anos de experiência na área de queijos em Campo Grande (MS). Apesar de atender todas as demandas legais do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), utilizar leite de vacas Jersey produzido em sua chácara e ser conhecido pela alta qualidade de produtos, os Queijos D’Bisa tiveram sua produção paralizada por tempo indeterminado.

Queijo D'Bisa tipo meia cura / Foto: Divulgação redes sociais 

Segundo José Fernando, apesar de sua incondicional paixão por queijo e de ter condições para arcar com os custos elevados dos insumos, as tributações abusivas tornaram a produção inviavel. 

“Talvez o dia que as pessoas respeitarem mais o produtor rural individual, pode ser que eu volte, senão, não. Ficar só nesse discurso rasteiro é dificil, vai ter que mudar muita coisa pra eu voltar. Eu tenho toda a estrutura, que não é pequena, mas não sei se tenho prazo pra voltar [a produção]", afirma o pecuarista. 

 

*Texto supervisionado pela jornalista Thalya Godoy


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