Especial: Pecuarista tem motivos para comemorar seu dia

Experiências e análises sobre a atividade demonstram que o setor cresce, mesmo em meio à pandemia

15/07/2020 às 17:35 atualizado por Thalya Godoy - SBA | Siga-nos no Google News
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Nesta quarta-feira (15), data em que se comemora o Dia Nacional do Pecuarista, o produtor brasileiro tem muito o que comemorar. Desde o pequeno até o grande, cada vez mais o pecuarista tem participação importante no mercado e economia brasileira.

De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio representou 21,4% do total do PIB brasileiro em 2019. Na pecuária, o crescimento foi de 23,71%, no ano passado, no comparativo com 2018.

Neste ano, apesar da pandemia, o pecuarista deve sim, comemorar sua data. Isso porque o trabalho dentro da porteira mantém o ritmo, conforme relata o produtor rural e médico veterinário, Nedson Pereira, devido à atividade pecuária ser realizada em ambiente aberto e livre de aglomeração. “É lógico que a gente tomou cuidados com os funcionários, [passamos] orientações aos que vão até a cidade e retornam”, ele afirma. 

O contato com fornecedores que chegam na propriedade também mudou, como diminuição no número de visitantes e uso obrigatório de máscara. “A gente não sabe de onde a pessoa está vindo, tem o álcool ali e mantém-se um certo distanciamento”, o produtor explica.

Pecuária cresceu 23,71% no PIB do Agronegócio em 2019. Foto por: divulgação redes sociais Fazenda Cachoeirão

O administrador da genética Calidad, Geraldo Paiva, conta que vê um movimento das famílias passando mais tempo no campo, um meio de fugir da aglomeração das cidades. “Com a chegada do Coronavírus, as pessoas estão trabalhando mais por telefone e na propriedade. As famílias estão ficando na fazenda, como uma forma de fazer seu isolamento social e, ao mesmo tempo, dedicando mais tempo para as suas atividades rurais”, ele conta.

Para Paiva, nos hábitos do dia a dia, uma das mudanças mais negativas veio na adaptação de diminuir o contato pessoal. “Fazendeiro gosta muito de apertar a mão, de abraçar, e isso tá um pouquinho mais distante. As pessoas estão evitando esse tipo de contato físico”, lamenta.

Sobre o mercado, o produtor se mantém otimista sobre os próximos meses, especialmente, devido a priorização do abastecimento de alimentos em detrimento de outros produtos. “Eu acredito que o mercado pecuário vai continuar em alta. Houve um excesso de vendas de fêmeas para tentar manter o caixa nos três últimos anos, e essas fêmeas fizeram diminuir o número de nascimentos. Então, acredito que o mercado pecuário continuará ativo, [o mercado] de reposição de fêmeas estará valorizado”, prevê Paiva.

Para Nedson, a perspectiva é de um modelo de comercialização na pecuária que esteja mais integrado ao virtual, como televisão e internet, uma tendência que passou por uma aceleração devido a pandemia. “É mais fácil e tem menos custos fazer um leilão virtual. Por exemplo, com a internet na sua casa, você não tem que se deslocar. O gado muitas vezes não tem que ir no recinto, viajar para um lugar e outro. Então, tem variáveis que são benéficas nesta questão virtual”, comentou.

“Se antes gostava de ir ao leilão presencial, ver o gado pessoalmente, hoje ele vai se balizando pelo olho, pela filmagem, pela televisão, pela internet, e isso a pessoa vai acostumando. Então isso acho que não volta. Acredito que vai ficar pós pandemia”, acrescenta.

 

Foto de capa: Arquivo pessoal Geraldo Paiva


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