Boletim CNA aponta queda das exportações de frutas e alta na demanda chinesa por carne

Brasil exportou para o porto de Xangai 136 mil toneladas de carne nos cinco primeiros meses de 2020, mais que o dobro no comparativo ao mesmo período do ano passado

15/07/2020 às 11:09 atualizado por CNA - | Siga-nos no Google News
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As exportações brasileiras de frutas apresentaram quedas de 13% na receita e 5% em volume no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, conforme aponta o boletim semanal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que traz o comportamento das principais culturas durante a pandemia no período de 6 a 10 de julho.

A queda é resultado da redução de voos imposta pelas restrições provocadas pela Covid-19. O modal aéreo é o principal meio de transporte utilizado para o embarque de frutas para o mercado internacional.

No setor sucroenergético, houve ligeira recuperação dos preços do etanol, diante do comportamento do petróleo no mercado internacional, que motivou a valorização de 5% do preço da gasolina vendida pela Petrobrás em suas refinarias.

No mercado internacional, um dos destaques é o aumento das importações de carne. Do Brasil, chegaram ao porto de Xangai 136 mil toneladas de carne nos cinco primeiros meses de 2020, mais do que o dobro do volume ingressado em 2019. Este volume correspondeu a 34,5% do total das importações de carne transitadas pela cidade chinesa.

Inspeção nas indústrias
Esta semana a Presidência da República publicou o Decreto nº 10.419/2020, que permite a ampliação do quadro de profissionais aptos a realizar inspeção nas indústrias, o que dará celeridade aos processos de inspeção, mantendo a garantia do atendimento à inocuidade do produto e os acordos sanitários firmados. A medida atende um antigo pleito do setor produtivo.

Com a publicação, o serviço oficial brasileiro contará com reforços para a rotina de inspeção ante e post mortem para atender à demanda crescente pela abertura de novas indústrias e as solicitações de turnos extras de abate. Os auditores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) continuam responsáveis pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), atuando na supervisão e coordenação dos trabalhos.

Recursos genéticos e biodiversidade
Também nesta semana, foi aprovada, na Câmara dos Deputados, a ratificação do Protocolo de Nagoya, permitindo que o Brasil participe das decisões tomadas na Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica. O protocolo foi assinado por cerca de 100 países e entrou em vigor em 2014, mas só terá validade para o Brasil a partir dessa ratificação.

Essa aprovação permitirá que Brasil continue fazendo uso dos recursos genéticos já tradicionalmente utilizados pela agropecuária, bem como garante a repartição dos benefícios provenientes dos recursos genéticos nativos da biodiversidade brasileira. A CNA atuou por esse feito, já que essa ratificação trará segurança jurídica na utilização dos recursos genéticos.

Frutas e Hortaliças
As exportações brasileiras de frutas apresentaram queda de 13% em receita cambial e 5% no volume em 2020 frente ao primeiro semestre de 2019. A queda é resultado das dificuldades de exportação pelo modal aéreo e demanda limitada em todo o mundo devido às medidas de contenção impostas pela pandemia da Covid-19.

No entanto, os produtores se preparam para o segundo semestre, quando a oferta e demanda de frutas aumenta e as exportações comumente se intensificam.

Em estados como Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia e Espírito Santo, apesar das restrições e dos cuidados para reduzir a disseminação da Covid-19, a retomada da comercialização da produção agrícola está próxima da normalidade.

Commodities
Para o setor sucroenergético, a leve recuperação dos preços do etanol está atrelada ao comportamento do petróleo no mercado internacional, que motivou a valorização nacional em 5% do preço da gasolina vendida pela Petrobrás em suas refinarias. E para o açúcar, mesmo com a retração na demanda pela pandemia, os preços permanecem em alta devido à entressafra na produção da Tailândia e da Índia.

No setor cafeeiro, sindicatos e cooperativas relatam menor disponibilidade de mão de obra nas regiões de colheita manual. No entanto, as restrições de trabalhadores não têm impedido o desempenho da colheita, que apesar do atraso em função do clima encontra-se regular.

Na Bahia, mesmo diante da crise, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) e o Sindicato dos Produtores Rurais de Teixeira de Freitas estão promovendo a realização do Concurso de Qualidade Conilon do Extremo Sul do estado. A Federação lançou, ainda, uma série de vídeos titulada “Agronegócio em tempos de Covid-19”, com dicas práticas para que o produtor se proteja do coronavírus e garanta o sucesso de sua produção.

Aves e suínos
A demanda por frango permanece em recuperação com a reabertura do comércio e os produtores começam a planejar a retomada dos alojamentos. Com isso, o preço do frango de corte pago ao produtor em São Paulo segue estável, a R$ 3,60/kg, representando uma alta de 2,9% em relação ao mês passado e acréscimo de 9,1% em relação ao mesmo período de 2019. Há incertezas, entretanto, em relação à disponibilidade de ovos para incubação, o que pode restringir a oferta de produto nos próximos meses.

Além da reabertura do comércio em algumas regiões, a chegada do inverno tem favorecido o consumo de carne suína. Logo, o mercado de suínos independentes apresentou nova alta nas bolsas de Minas Gerais (+15%), Santa Catarina (+11%), São Paulo (+16%), Paraná (+6%) e Rio Grande do Sul (+5%).

Já para o produtor de ovos, a entrada do mês e a recuperação do poder de compra dos consumidores culminaram com a recuperação de 15% no preço da caixa de 30 dúzias no mercado referência do interior de São Paulo, sendo cotado a R$ 80.

Lácteos
A demanda interna por lácteos segue alta, já que até então não foi afetada pela nova onda de fechamento dos comércios em alguns municípios. Diante disso, os preços ao produtor seguem satisfatórios nas principais regiões produtoras.

No mercado internacional, a principal plataforma global de negociações de lácteos (Global Dairy Trade) realizou seu último leilão no dia 07/07, registrando alta nos valores de 8,3% em comparação ao evento anterior do dia 16/06, sendo a maior variação positiva desde o início do ano.

O destaque foi para o leite em pó integral com aumento de 14%, sendo negociado a US$ 3.208,00/ton, em conversão direta para o real, R$ 17.226,98/ton. Essa valorização reduziu a diferença entre o valor do leite em pó nacional, que está apenas 8% mais caro que o produto internacional. Esse cenário é positivo para os produtores brasileiros, pois desestimula a importação de leite e permite a volta dos grandes compradores e melhores negócios aos laticínios.

Boi Gordo
O governo chinês impediu a exportação de carne de seis frigoríficos brasileiros, devido aos casos positivos em funcionários, fato que já vem sendo resolvido pelas indústrias perante o cumprimento das recomendações conjuntas dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Saúde e Economia.

No Mato Grosso, apesar da investigação do Ministério Público do Trabalho sobre as condições de trabalho em mais dez processadores de carne após a confirmação de casos de Covid-19 entre funcionários, a conclusão foi pela não necessidade de interrupção das atividades devido às ações tomadas pelas indústrias quanto ao isolamento dos funcionários e demais medidas preventivas.

Quanto ao mercado físico, a falta de animais prontos para abate manteve o preço da @ próxima a R$ 220 com negociações superando R$ 225. Apesar disso, a indústria vem tentando impor quedas, influenciando inclusive as cotações no mercado futuro que se desvalorizaram durante a semana.

O varejo continua exercendo preços superiores ao início da crise, com cortes de segunda em torno de R$ 20/kg. Além disso, a média de preço da carcaça casada, em julho, já supera os valores do início da pandemia, sinalizando que a demanda doméstica por carne se mantém aquecida, mesmo com a elevação do preço ao consumidor.


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