Pesquisador da Embrapa alerta para riscos da nuvem de gafanhotos nas pastagens do Brasil

Ministério declara estado de emergência fitossanitária no Rio Grande do Sul e Santa Catarina

25/06/2020 às 18:00 atualizado por Douglas Ferreira - SBA | Siga-nos no Google News
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Gafanhotos 
Foto: Senasa

O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa), alertou na última terça-feira (23) o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que a nuvem de gafanhotos, que percorria dentro do território argentino, estava se dirigindo rumo ao sul do país, destinado ao Uruguai.

Além do Mapa, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), do Rio Grande do Sul está monitorando movimentações dos insetos. De acordo com informações do órgão brasileiro, os gafanhotos estão na região de Santa Fé, a 250 quilômetros da fronteira com o Rio Grande do Sul.

Por conta deste fator, foi publicado na manhã desta quinta-feira (25), uma portaria que declara estado de emergência fitossanitária de um ano, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, para evitar a chegada da praga, Schistocerca cancellata (gafanhotos) nos territórios brasileiros. Em nota publicada hoje, ministra do Mapa, Tereza Cristina, explica que a medida é preventiva. Ao que indica, animais ficarão pelo Uruguai.

O pesquisador da unidade Clima Temperado, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pós-doutor em Ciências Agrárias, Dori Edson Nava, afirma que estamos em um perído que não há muitas culturas no campo. “O milho, soja, feijão, arroz, já foram colhidos. Hoje estão sendo cultivados e semeados, os cereais de inverno, mas as plantas ainda estão pequenas”.

Nuvem de gafanhotos.
Foto por Governo de Córdoba

Nava reitera que a preocupação são áreas de pastagens. “Nós temos uma grande área, nas fronteiras da Argentina e Uruguai, para criação de animais bovinos e ovinos. Se caso essa nuvem de gafanhotos entrar no Brasil, e ela pousassem sobre alguma área de pastagem, provavelmente será perda quase total, porque o inseto vai se alimentar do material vegetal. Tem registros que ele [gafanhoto] alimenta mais de 400 hospedeiros”.

Para o combate, o pesquisador afirma que em caso de vias emergências, seja necessário a aplicação de inseticidas através de aviões agrícolas. O gafanhoto é favorecido pela direção e velocidade do vento. “Para esse inseto poder migrar, ele precisa de altas temperaturas. Haveria necessidade de algumas mudanças nos fatores meteorológicos para que esse inseto entre no Brasil. As baixas temperaturas que vão ocorrer a partir de amanha [sexta-feira (26)], e no final de semana, são contrárias a migração do inseto para outras localidades”.

No Mato Grosso do Sul (MS), mesmo sem registros da praga, representantes da pasta de agricultura do estado, realizaram reunião virtual para tratar das ações que serão desenvolvidas, para isso foi criado comitê. Participaram do encontro, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck; superintendente federal de Agricultura, Celso Martins; superintendente de Produção e Agricultura Familiar da Semagro, Rogério Beretta; presidente da Famasul, Maurício Saito; presidente da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), Daniel Ingold; André Dobashi (presidente) e Frederico Azevedo (diretor-executivo) da Aprosoja (Associação de Produtores de Soja).

A pauta também foi desta que no programa Agricultura BR, do Canal do Boi. Confira o comentário do apresentador, Fabiano Reis.


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