Os contrastes da safra de soja gaúcha

Estiagem prolongada agrava situação a cada dia

11/03/2020 às 15:07 atualizado por Anelise Nicolodi - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: Anelise Nicolodi

A safra de soja 2019/2020 do Rio Grande do Sul vive um verdadeiro contraste. O primeiro e mais visível é o contraste de cores. Em diferentes fases de desenvolvimento, a cultura que ocupa quase 6 milhões de hectares, tem variedades de ciclos muito diferentes. O tom das lavouras varia muito em uma mesma propriedade. Vai do verde claro ao amarelo palha dependendo da época de plantio. De modo geral, as cultivares disponíveis no mercado brasileiro tem ciclos entre 100 e 160 dias, e podem ser classificados em grupos de maturação: precoce, semiprecoce, médio, semitardio e tardio.

Mas o que também chama a atenção no Estado gaúcho é o contraste de produtividade. Por causa da falta de chuva, em especial nos meses de dezembro, janeiro e agora em março, muitas lavouras não se desenvolveram bem, perdendo o potencial produtivo. No ano em que faltou chuva em uma região e ficou na medida em outra, os contrastes ficam ainda mais evidentes – não apenas pelo clima, mas também pelo manejo e tecnologia.

Acompanhamos uma propriedade rural em Cruz Alta, noroeste do Rio Grande do Sul. As lavouras foram plantadas a partir de 10 de outubro, 15 de novembro e 20 de janeiro. As primeiras áreas começaram a ser colhidas na última semana e mesmo nas lavouras irrigadas as plantas sofreram com o estresse hídrico e as altas temperaturas, reduzindo a capacidade produtiva em mais de 30%.

Em áreas sem irrigação a realidade é ainda mais dura. Os produtores de uma mesma região viram a chuva cair normalmente em determinada lavoura e há poucos quilômetros de distância quase nada. Em Tupanciretã, município que tem a maior área de soja cultivada no Estado, cerca de 150 mil hectares, a soja já registra quebra de mais de 80%.

Segundo o coordenador do Núcleo da APROSOJA, José Domingos Teixeira, cultivares que no cliclo 2018/2019 produziram 80 sacas por hectare, agora não chegam a 10 sacas. A colheita atinge apenas 2% do total, mas como não há previsão de chuva para os próximos dias os prejuízos só tendem a aumentar.

Foto: Anelise Nicolodi​​

 


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