Mulheres no agronegócio se destacam na hortifruticultura

Produtora e chef de cozinha divide seu tempo com estudos e trabalho

10/04/2020 às 08:30 atualizado por Douglas Ferreira - SBA | Siga-nos no Google News
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Pesquisa do Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro, Edição Especial Mulheres No Agronegócio, do Centro De Estudos Avançados Em Economia Aplicada (Cepea), aponta que nos últimos anos a sociedade brasileira tem sofrido diversas mudanças estruturais, seja culturais e sociais, o que têm elevado a participação das mulheres no mercado de trabalho. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) revelam que, entre 2002 e 2015, a Taxa de Participação Feminina na Força de Trabalho (TPFT) cresceu aproximadamente 3p.p., chegando a 40% no último ano.

Entre 2004 e 2015, foi registrada uma tendência geral de redução da população ocupada (PO) do agronegócio. No período, a queda foi de 6,6%. Enquanto o número de homens atuando no setor diminuiu 11,6%, o total de mulheres trabalhando no agro aumentou 8,3%. Diante desse cenário, a participação da mulher no mercado de trabalho do agronegócio cresceu consistentemente entre 2004 e 2015, passando de 24,1% para 28%.

Ainda de acordo com a pesquisa, em 2015, 19,66% das mulheres atuando no agronegócio estavam dentro da porteira. O segmento de agroserviços se destacou com participação de 45,32%. Na agropecuária, a concentração de mulheres é mais frequente na hortifruticultura (18,79%), seguida de atividades relacionadas à avicultura (12,19%), a grãos (10,64%) e à bovinocultura (9,72%), em especial a destinada à produção de leite. Sobretudo a hortifruticultura, avicultura e produção leiteira são tradicionalmente reconhecidas como atividades de menor exigência de força física. Desse modo, a participação de mão de obra feminina nesses setores é, historicamente, maior que em outras culturas agropecuárias.

Mulher no agro

A produtora rural e chef de cozinha, Carla Anoely decidiu trabalhar com agronegócio após um acidente. Ela pesquisou, assistiu palestras e leu livros de pesquisadores da área. Adquiriu uma propriedade em Itaboraí, no Rio de Janeiro com mil metros quadrados, e começou a plantar tomate, mamão, quiabo, mandioca, pimentão e outros.

Foto: Divulgação Pessoal

Reside em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro, onde trabalha como chef de cozinha e decidiu aos 43 anos de idade cursar a distância Gestão de Agronegócio. "Sou cozinheira há muitos anos, depois que fechei minha cozinha, não quis trabalhar mais, estava muito cansada, mudei de cidade. Falei que nunca mais voltaria para cozinha. Surgiu uma oportunidade de trabalhar na cozinha de um restaurante, me tornei chef de cozinha", ela conta.

Em sua propriedade é utilizado somente adubação verde, método que decidiu implementar após o tempo em que precisou se ausentar do trabalho e ficou afastada de suas funções. "Depois de entender algumas coisas, comecei a fazer as plantações na minha casa e realmente deu certo, principalmente, com adubação verde, sem usar nada, tratando a terra, recuperando o solo. Tenho estudado o quanto eu posso, trabalho muito, divido meu tempo”, comenta.

Assim que concluir o curso, ela comenta os planos e fala sobre continuar plantando. “Eu quero trabalhar com agricultura familiar, porque tem muitas pessoas que querem plantar e não sabem como, muita gente não tem como buscar informações. Quero muito trabalhar com solo, aprender o que dá certo, o que não dá. Tudo que a gente consome vem do solo, então eu quero entender. Sei cozinhar e plantar, quer dizer, tudo a ver né?”.

Sobre a presenças das mulheres no Agronegócio, ela defende a importância. “Eu acho muito importante a presença da mulher do agronegócio, nós somos cautelosas, pensamos na família, Fazemos a diferença no agro”, finaliza.

 

 

 


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