Produção pecuária brasileira tem desempenho competitivo quando comparada com outros países

Dados demonstram que Brasil tem boa colocação na média mundial

16/12/2019 às 15:15 atualizado por Rafaela Flôr* - SBA | Siga-nos no Google News
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Apesar de não competir diretamente com outros países, a etapa da cria em sistemas de produção pecuários é a responsável por determinar a quantidade e a qualidade dos animais que serão abatidos, seja para consumo nacional e/ou destinados à exportação. Desta forma, os sistemas de produção de cria vigentes nos países são determinantes em sua capacidade produtiva nos mercados nacional e internacional. Nesse sentido, dados do Agri Benchmark permitem fazer uma comparação de resultados técnicos e econômicos, uma vez que são baseados em propriedades modais – assim como as levantadas pelo projeto Campo Futuro, parceria entre a Confederação Nacional da Agropecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) – para analisar sistemas de produção e sua lucratividade.

Os valores são referentes aos resultados de 2018 (divulgados em 2019), padronizados em dólar norte-americano. Dos sistemas de cria a pasto, avaliados em 13 países, a área média necessária para se desmamar um bezerro (macho ou fêmea) é de 10,6 hectares/cabeça. Neste item, as propriedades avaliadas no Brasil estão na terceira posição, tendo em vista que necessitam, em média, de 3,1 ha/cabeça. Atualmente, a média obtida pelos painéis do Projeto Campo Futuro é de 2,6 ha/cabeça, considerando-se 72 sistemas de cria nos 13 principais estados produtivos do país.

Ao se avaliar o peso médio na desmama destes animais, as propriedades brasileiras avaliadas apresentam números abaixo da média mundial, com 170 kg, contra média de 210 kg para sistemas a pasto. Considerando-se a produtividade destes sistemas a pasto em termos de kg de bezerro desmamados/ha, as propriedades brasileiras apresentam desempenho superior ao observado em importantes players do mercado internacional, como os Estados Unidos e a Austrália.

Em termos de receita gerada pelos sistemas de cria, a média observada para sistemas a pasto foi de US$ 226,45/100kg PV para os bezerros desmamados. Comparativamente, a média obtida nos sistemas brasileiros amostrados foi de US$ 174,20. Uma análise dos custos por área mostra que as despesas operacionais brasileiras são proporcionais à média dos sistemas amostrados.

No entanto, a baixa produtividade por área limita a capacidade de pagamento do Custo Operacional Total (COT), ficando com margens abaixo de outros países com custos semelhantes, como a Argentina. Dados do projeto Campo Futuro apontam que, em outubro/19, a margem líquida da cria brasileira foi de R$ 132,04/ha, ou de US$ 32,33/ha (considerando-se a média mensal do dólar a R$ 4,08).

É notável que a baixa produtividade de sistemas de produção de cria é observada em diversos países. Frente à crescente demanda por proteína animal, motivada pelo aumento populacional e elevação da renda per capita em países em desenvolvimento, há uma oportunidade de mercado para o Brasil, com potencial de crescimento produtivo graças a seu clima favorável e extensão territorial.

Com informações de Cepea.
*Texto supervisionado por Douglas Ferreira.


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