Valor da arroba não voltará aos patamares dos R$ 150, afirma dono de frigorífico em MS

Recuo no preço será de, no máximo, 10%, avalia o empresário

25/11/2019 às 13:02 atualizado por Jorge Zaidan - SBA | Siga-nos no Google News
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Há cerca de 60 dias, a cotação do boi gordo em Mato Grosso do Sul batia na casa de R$ 148,00 à vista. Na última sexta-feira, o valor à vista livre de Funrural fechou, em R$ 212,00 (Dourados), R$ 197,00 (Campo Grande) e a R$ 196,00(Três Lagoas), segundo apuração da Scot Consultoria. Os preços representam a referência do mercado regional. 

Nas últimas semans, houve negócios acima desses valores. A arroba bateu na casa de R$ 220,00, R$ 230,00, principalmente em São Paulo. Bonificações para o mercado exportador, e, ainda, a necessidade emergente da indústria, de formar escalas de abate, deram ao pecuarista do estado valores maiores do que os da referência. Ou seja, em Mato Grosso do Sul – como em tantas outras praças – o mercado trabalha hoje com o boi na casa de R$ 200,00. 
E a grande pergunta que se faz – em MS e em qualquer outra região onde os preços explodiram em intervalo de tempo tão curto – é: até onde vai a cotação da arroba do gado pronto para abate?

Ninguém se arrisca a prever. Os mesmos fatores que impulsionaram o mercado do gado gordo podem fazer com que a arroba perca força no início de 2020.
O que impulsionou os preços do boi, em tão pouco tempo, foram a estiagem, que deixou os pastos sem qualidade para terminar os animais; o final de ano, época em que o consumo de carne é maior; e o mercado externo, cujas aquisições cresceram muito nos últimos meses, após a abertura de novos mercados importadores e, principalmente, as importações da China, que tem que recompor estoques de carnes, como resultado da redução do rebanho suíno ocasionada pela peste suína africana na Ásia. 

Entre os que acreditam em freio no preço do boi no início de 2020, está um empresário do ramo de frigoríficos em Mato Grosso do Sul, que pede para não ser identificado. Ele avalia que o preço do boi recuará a partir de janeiro, mas é enfático ao afirmar que os preços não voltarão aos patamares de dois meses atrás. “Vão ficar na casa de R$ 200,00”, afirma.

O empresário, cuja indústria atua no mercado interno, disse acreditar que o recuo no preço da arroba, a partir do início do ano que vem, fique em, no máximo, 10% do atual cenário de preços. A queda, segundo ele, será ocasionada por maior oferta de animais prontos para abate aliada ao tradicional menor consumo verificado no início do ano. De outro lado, os preços serão sustentados porque a demanda externa continuará aquecida, na avaliação do empresário. Mesmo diante dos atuais preços em alta, o proprietário de frigorífico considera que o valor da arroba ainda tem ambiente para crescer. Segundo ele, o preço do boi no Brasil estava defasado e ainda está abaixo do de outros países produtores de carne, como Austrália e os vizinhos na América do Sul.

No entanto, ele diz ver um futuro positivo, mas com ressalvas. Ele justifica que a alta do boi ocorre em cenário de economia ainda em reestruturação, valorização do câmbio, previsão de alta para a inflação e baixo poder aquisitivo do brasileiro. 

Para o empresário, tais questões precisam ser equacionadas sob pena de haver risco de enfraquecimento do consumo interno, já que a indústria é obrigada a repassar a alta de preços ao atacado, elevando os custos da carne em açougues e supermercados.


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