Brasileiros realizam exportação de embriões a fresco para Guatemala

Processo é trabalhado desde fevereiro e está sendo realizado no decorrer deste mês

25/11/2019 às 12:02 atualizado por Pâmela Machado - SBA | Siga-nos no Google News
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Desde fevereiro, o médico veterinário, especialista em fertilização in vitro, Sérgio dos Santos Melo está trabalhando para realizar o envio de embriões a fresco para a Guatemala. No Brasil, o processo envolve diferentes locais, como um laboratório, duas propriedades e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). E na Guatemala, três propriedades estão na expectativa de receber os embriões nessa viagem, além da empresa importadora e o Ministerio de Agricultura Ganadería y Alimentación [ministério da agricultura do país]. O processo está sendo realizado no decorrer deste mês. O responsável, Sérgio Melo conversou com o Portal SBA1, com exclusividade para explicar detalhes do fato. Melo é responsável por uma das fazendas brasileiras participantes do processo e realizará as transferências para o país.

Coleta e Transporte

O diferencial do procedimento para a Guatemala é que este será realizado com o embrião a fresco. Sérgio Melo explicou a escolha deste tipo de coleta. “Todo o processo de congelamento de uma célula viva, você vai estar causando algum tipo de micro lesão nessas células, e que pode vir a causar uma perda de potencial fecundante. Ou seja, no final das contas, traduzindo, o embrião a fresco tem um potencial de fecundidade maior do que do embrião congelado”. O médico veterinário explica que a preocupação com o aumento na taxa de fecundidade ocorre com o objetivo de valorizar a logística e os esforços desempenhados pelos participantes do processo.

A coleta, ou aspiração, será realizada em duas propriedades no estado de Goiás, em Serranópolis na Gir Vale do Leite, localizada a 420 km de Goiânia e em Guapó na Gir Dantas, a 50 km da capital do estado.O médico veterinário destaca que a coleta ocorrerá em um laboratório habilitado para exportar dentro dos padrões exigidos no Brasil. Segundo ele, os embriões saem imaturos do laboratório e completam a maturação no decorrer da viagem, em um tipo de laboratório portátil que "para transportar basta manter a bateria carregada como um celular". No caso do transporte, Sérgio Melo explica que ocorrerá em um laboratório portátil. “A partir de um certo estágio de desenvolvimento do embrião, você pode colocar ele nesse laboratório portátil e viajar, digamos, a grandes distâncias, até a data da transferência. Então, assim será feito o transporte e conforme a gente conversou, pelo menos que nós temos conhecimento, nada é oficial nesse aspecto, porém, a informação é de que será a primeira exportação de embriões a fresco do Brasil para Guatemala legalizado”.

Equipamento Eletrônico do Transporte
Foto:Sérgio Melo

Surgimento da ideia

O médico veterinário explicou que a ideia do procedimento surgiu pelo interesse dos demais países da faixa tropical no Gir Leiteiro brasileiro, um diferencial dos demais. “Uma vaca Gir que não produz leite tanto quanto nosso Gir leiteiro, esse é um fato. Então, a ideia, surgiu desse interesse né, que a princípio nós, no Brasil, temos isso e eles buscam sempre uma genética melhor. E no caso melhor do que a que eles têm. Já existe em outros países, mas assim, são países signatários do Brasil, que já levaram a genética brasileira para lá. Porém, quando chegam lá, eles acabam se perdendo nos cruzamentos, nos acasalamentos. E o rebanho, ao invés de melhorar, ele acaba definhando, então o Brasil é o inventor e o guardador de sementes no que tange à Gir leiteiro”.

Guatemala como destino

Entretanto, apesar do interesse de inúmeros países na raça brasileira, para uma possível exportação é necessário que exista um protocolo sanitário entre os países de origem e de destino. A escolha da Guatemala para ser o país de destino, inicialmente, ocorreu devido a demanda do país guatemalteca pelo embrião brasileiro e o cumprimento de protocolos sanitários, afirma Sérgio Melo. “Do México para baixo, todos têm interesse no nosso Gir Leiteiro, porém, nem todos têm o protocolo sanitário, ou seja, não tem acordo sanitário com Brasil. A Guatemala tem. Por isso, a princípio para a Guatemala, porque há protocolo sanitário. Segundo, porque a gente acabou conhecendo uma pessoa de lá, através desses grupos de criadores e ele por certo de posse do conhecimento desse protocolo sanitário, nos procurou a respeito disso, manifestando interesse de como ele poderia fazer e assim, desenvolvemos o assunto”.

O médico veterinário explicou que os processos burocráticos para a realização do procedimento, envolvem principalmente os ministérios dos dois países e a fiscalização em todos os ambientes que irão auxiliar no fato. “Os ministérios conversam entre si, há um interesse. Alguém tem interesse no país de destino, entra em contato com o Ministério deles, que vai acionar o nosso Ministério da Agricultura. E todo o procedimento de exportação é feito abaixo dos olhos do Ministério brasileiro e do Ministério guatemalteco”.

 


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