Produtores de soja afirmam que lista da Moratória é injusta

Sojicultores da região amazônica protestam contra Moratória da Soja e presidente da Abiove afirma que lista é exigência de consumidores

12/11/2019 às 15:33 atualizado por Rafaela Flôr* - SBA | Siga-nos no Google News
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No último domingo (10), produtores de soja da região onde há bioma amazônico fizeram protesto contra a decisão da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que proíbe a compra de grãos dos produtores citados na lista da Moratória da Soja. A reunião foi realizada no município de Dom Elizeu (PA) e estiveram presentes os representantes da Aprosoja Brasil, Aprosoja-MA e Aprosoja-PA.  Em contrapartida, o presidente da associação afirma que a moratória existe desde 2006, com o objetivo de garantir a venda da soja produzida no país para o comércio exterior  e também para atender a demanda de consumidores que deixam de comprar produtos oriundos de terras amazônicas desmatadas.

O Canal do Boi apurou com a organização do protesto que há produtores que deveriam estar fora da lista por cumprirem com a legislação ambiental e possuírem autorização da Secretaria do Meio Ambiente  para produzirem nas propriedades.  O produtor rural e um dos organizadores, Rodrigo Turquino destaca que a moratória pune proprietários que estão em territórios desmatados desde a construção da Belém-Brasília, em 1950. “Nós estamos vivendo em uma área que foi aberta a 70 anos atrás. Estamos trabalhando onde já foi derrubado, não por nós, foram atividades passadas que derrubaram a floresta e não podemos plantar nas áreas que temos licença para trabalhar. Estamos com esse impedimento comercial”.

O presidente da Aprosoja do Maranhão conta que a moratória da soja quer estender as restrições aos produtores das regiões de Cerrado. “A pressão começou recentemente, onde vai impedir a região matupiba e uma região da Amazônia, que fazemos parte. Alguns contratos que as tradings têm feito já passaram a responsabilidade: quem desmatou a partir de 2008 não pode comercializar seu grão. Se o estado cresceu a partir de 2006 e 2007, e o matupiba em geral dobrou suas áreas, como vamos fazer com essa produção?”.

Presidentes regionais da Aprosoja durante mobilização em Dom Elizeu. (Foto: Canal do Boi)

Em entrevista do Canal do Boi, o presidente da Abiove, André Nassar destaca que inexiste outra iniciativa diferente da moratória para garantir que os produtores que possuem as licenças ambientais estejam fora da lista. “As empresas estão exigindo dos produtores além do que a lei define. De fato o que a moratória exige vai além do que a lei define. A gente não pode ouvir só o produtor, temos que ouvir o que o nosso consumidor quer também. E o nosso consumidor quer a garantia de que aquela soja foi produzida em área aberta, não em desmatamento”.

Nassar explica que a solução para atender os consumidores e os produtores é uma legislação que redefine o desmatamento em legal e ilegal, além da impossibilidade de garantir o cumprimento de todas as regras ambientais. “Há uma discussão no Brasil sobre como separar o desmatamento legal do ilegal. Nós somos o maior defensor disso, queremos falar para o nosso comprador que a soja é comprovadamente produzida em abertura de área legal, mas não temos instrumentos para isso”.

Presidente da Abiove afirma que é necessário união com produtores. (Foto: Canal do Boi)

Outra iniciativa que solucionaria o embate entre os produtores e a lista da moratória, segundo o presidente da Abiove, é a compreensão sobre as exigências dos clientes. “Gostaríamos muito de trabalhar o tema da moratória de mãos dadas com os produtores, só que eles precisam estar conosco para entender o que o consumidor quer e para levar a informação aos clientes. Hoje, apenas 1,5% da plantação de soja no Brasil foi em área desmatada e 98,5% foi em área aberta. A gente precisa levar para o consumidor essa informação para dizer que não tem desmatamento associado à soja”.

*Texto supervisionado por Douglas Ferreira.


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