Trader do campo: “ligar a mão do produtor diretamente a mão do comprador”

Bonanza Agro e o pioneirismo brasileiro na valorização do mercado interno na área

11/11/2019 às 09:25 atualizado por Thalya Godoy e Douglas Ferreira - SBA | Siga-nos no Google News
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O CEO da empresa Bonanza Agro, Wander Cavarzan, é destaque no mercado do milho, um dos principais insumos na produção avícola e suína. De acordo com pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a cadeia produtiva do milho, bem como a da soja, é um dos segmentos econômicos mais importantes do agronegócio brasileiro, com a produção primária de milho correspondente a, aproximadamente, 37% do total de grãos produzidos no país.

A produção brasileira de milho passou de 35.715 mil toneladas na safra de 1997 para 66.530 mil toneladas na safra de 2016, refletindo em alta de 86,28%, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em relação à área cultivada, nesse mesmo período, houve um acréscimo de 15,39%, passando de 13.798,8 mil hectares para 15.922,5 mil hectares.

Diante desse cenário, os traders, segundo definição de Cavarzan, atuam com a ponte entre o produtor e o comprador. O termo vem do inglês e significa “comerciante”. O representante da Bonanza recebeu o título de trader do campo, pelo destaque do seu trabalho. Confira as considerações do empresário sobre a área.

Wander foi destaque em diversas premiações na área do agronegócio.
Foto: Reprodução Facebook

C.B.: O que é ser um trader? E como o senhor se tornou um?
Wander: Trader é um título usado com muito prestígio. É aquele empresário ou comerciante, que faz originação de produtos voltados a commodities, ao agro. É um termo americano, então lá a tradução seria comerciante, originador de produto. Eu recebi esse título de trader do campo porque fazia essa originação do produto há bastante tempo, procurar ligar o produtor diretamente ao comprador desse produto final. Eu me tornei um trader do campo quando percebi que no Brasil existiam e existem várias empresas de traders que fazem exportação do produto, mas que não existia ninguém que faria essa transação direta ao produtor. Então, me especializei nisso e, junto com a empresa Bonanza, que é a empresa que eu represento e ocupo o cargo de CEO  hoje, nos tornamos os traders do campo. Originar produto, ligar a mão do produtor diretamente a mão do comprador  lá fora ou ao mercado interno também, na casa. Em relação ao milho, o mercado interno é muito mais atrativo do que a exportação ao meu ver, por exemplo.

C.B.: Qual a sua avaliação e expectativa como investidor no cenário atual do mercado do milho para safra 2019/2020? 
Wander: Eu vejo que com essa grande estiagem de seca agora no final de ano, para a safra do milho do próximo ano, haverá um período mais curto para safrinha. Acho que teremos regiões que nem safrinha vamos conseguir fazer, porque houve atraso na plantação da soja. Então, esse atraso da soja vai refletir no milho também. O milho vem disparando seu preço nos últimos vinte dias e eu vejo que aquele produtor que precisa comprar o produto para o confinamento na sua granja para ovinocultura, suínocultura tem que começar a se estruturar e ter o estoque, uma produção própria, porque refletirá no preço do milho. Acredito que terá uma alta como já vem tendo, por causa desse período de atraso no plantio da loja que irá refletir no plantio do milho também.

C.B.: E em relação a abertura de mercados externos, qual a orientação um trader pode dar ao produtor? E como ele pode se preparar?
Wander: Abertura do mercado externo é muito atrativa, mas precisamos que o produtor se estruture em termos de escritório, documentação, estrutura para exportação, se você não estiver com uma equipe montada que consiga ver a parte burocrática, que é grande para a exportação ainda no Brasil. Só que do mesmo jeito que essa estruturação que pode fazer para essa exportação, que traz recursos mais baratos destinados a exportação, a rede bancária financia com juros bem atrativos quando o produto é totalmente destinado a exportação. Então, se estruturar, se unir a empresas que já possam fazer isso, se não quiser eles mesmo. É um mercado atrativo, o mundo vem comprando muita coisa do Brasil. A China vem comprando muito produto agrícola em commodities brasileiros. O mercado de exportação é atrativo demais, vai crescer e vem crescendo nos últimos anos. O produtor tem que estar estruturado, trabalhar como fazenda-empresa e, se ele for pequeno, se unir a outros pequenos que vão se tornar grande nessa união ou a grandes cooperativas que possam fazer essa estruturação para a parte burocrática da exportação e na parte de qualidade do produto também. Mas eu vejo o milho como uma crescente muito grande ainda no mercado interno. Acho que o produtor de milho não tem que se preocupar muito ainda com a exportação, eu ficaria mais atento ao mercado interno, em que o consumo de milho é grande. A gente não dá conta da nossa produção entre exportação e o mercado interno consome muito mais. Acho, então, que isso é uma dica para o produtor ficar ainda focado nesse mercado interno.


A empresa Bonanza Agro firmou, recentemente, parceria com o Canal do Boi


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