Doenças infecciosas no gado de corte podem ocasionar perdas no setor reprodutivo

Especialista em medicina veterinária preventiva fala sobre os impactos, prevenção e identificação de doenças como a brucelose bovina

24/10/2019 às 19:54 atualizado por Pâmela Machado* - SBA | Siga-nos no Google News
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Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) divulgada em setembro deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo, com 213,5 milhões de animais. Um rebanho exige cuidados que vão desde boa alimentação até a prevenção de doenças. Em entrevista ao portal SBA1, o especialista em medicina veterinária preventiva, Rodrigo Leite Soares destacou as principais doenças infecciosas que podem atingir o gado de corte e quais cuidados o produtor deve ter para não ter o seu rebanho prejudicado.

O especialista afirma que essas doenças requerem atenção do produtor, visto que, podem impactar também a economia do país. “Elas tem sua importância por ocasionar casos clínicos nos animais e também impactar na economia do nosso país. Muitas dessas doenças podem ser transmitidas para os seres humanos ou impactar de forma a promover barreiras econômicas, atrapalhando no setor econômico, nas importações e exportações de produtos de origem animal”. 

Doenças infecciosas no gado de corte

As doenças infecciosas são aquelas que podem ser causadas por bactérias, vírus, hemoparasitas e protozoários. Essas doenças são transmissíveis e dessa maneira, podem impactar o produtor de diversas formas. Rodrigo Soares destacou que a brucelose e a leptospirose se destacam dentre as demais. “A brucelose é uma importante doença e zoonose que causa grandes perdas no setor reprodutivo desses animais, com impacto na economia e saúde pública. Uma outra doença que também tem sua importância por ocasionar perdas no setor reprodutivo é a leptospirose, responsável principalmente por casos de aborto. Assim como a brucelose, ambas são transmitidas por bactérias”.

Estudos de caracterização epidemiológica da brucelose foram realizados em diferentes estados, a partir do ano de 2001. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) os resultados foram publicados em 2009 e 2016, apontando que a doença está distribuída em todo território nacional. Os estudos apontaram que as prevalências mais baixas são nos estados da região Sul, enquanto as mais altas ficam no Centro-Oeste. 

Prevalência de focos (propriedades com pelo menos um animal positivo) e
 prevalência de animais (fêmeas acima de 24 meses)positivos para brucelose, 
por Unidade Federativa. Tabela: Mapa

Identificação e diagnóstico das doenças

Segundo o especialista em medicina veterinária preventiva, no caso da brucelose, o principal sinal de identificação da doença é o aborto no terço final da gestação. A doença pode fazer com que os animais nasçam mortos ou com má formação congênita. Rodrigo Soares destaca que outros sintomas podem disseminar a infecção para outros animais. “Algumas vacas também podem ter retenção de placenta, ou seja, dificuldade de expelir a placenta. Isso acaba servindo de fonte de infecção e transmissão dessa doença para outros animais que compõe o rebanho”.

Rodrigo Soares afirma que o diagnóstico dessas doenças é feito mediante utilização de testes sorológicos, avaliando características clínicas e epidemiológicas da doença. Dessa maneira, a partir de uma suspeita é necessário que um material do animal seja coletado, encaminhado para laboratório e realizado diagnóstico. “Uma vez que no rebanho existam vacas que apresentem sinais de aborto e retenção de placenta, é importante a solicitação de um médico veterinário para examinar características clínicas e epidemiológicas daquela propriedade”.

Como realizar a prevenção?

O principal meio de prevenção para doenças como a brucelose é a vacina, no caso da doença, a vacinação nas fêmeas é feita entre 3 e 8 meses. Segundo Rodrigo Soares, as diretrizes da vacinação deve ser considerada. “Como a vacinação de fêmeas de 3 a 8 meses de idade, com a vacina B19 ou a utilização da RB51 para animais com idade superior a 2 anos, a depender da característica local. Algumas regiões mais isoladas, como a pantaneira por exemplo, pode ser a critério de um veterinário local responsável a utilização desse outro tipo de vacina”.

*Texto com supervisão de Douglas Ferreira


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