Garantir bem estar ao animal, desde a criação até o abate tem trazido, cada vez mais, resultados diferenciados para a pecuária. O chamado manejo racional consiste em técnicas que promovem melhor relação entre tratador e animal, utilizando apenas o olhar e liguagem corporal, sem gritos ou agressões.
Ciente da importância desse conceito, a fazenda Pecuária BR, propriedade do Canal do Boi, adotou o manejo racional há cinco anos e, há dois anos, vem aprimorando as práticas de manejo. O responsável técnico e médico veterinário da Pecuária BR, Lourival Lucena afirma que existe um objetivo a ser alcançado para melhorar os níveis de estresse dos animais. “Já fizemos alguns treinamentos, existirão outros se necessário, para alcançar o que chamamos de ponto de equilíbrio entre a relação homem e animal. Dessa forma, nós podemos conduzi-los a tal ponto que eles entendam o que nós queremos deles, e que o nível de estresse seja o mínimo possível”.
Lucena afirma que o manejo adequado faz parte da preocupação do local. “Pensando que nós precisamos transferir esses animais para outros criadores, nós temos a preocupação de fazer o melhor para que esses animais sejam entregues ao destino de maneira que eles não vão dar trabalho lá na frente. Então a preocupação é realmente seguir os conceitos de bem-estar animal e manejo racional, para que nós tenhamos sucesso no nosso trabalho”.
Vitrine tecnológica
Pelo bom desempenho na prática do manejo racional, a Fazenda Pecuária BR foi escolhida para a visita da psicóloga Mary Temple Grandin, que esteve em Campo Grande nesta semana. Na fazenda, Temple conheceu o programa Criando Conexões, uma iniciativa da global MSD Saúde Animal que trabalha para ensinar técnicas que fazem o relacionamento entre tratador e animal com o olhar e linguagem corporal. O objetivo do projeto é incluir o bem estar do gado na hora da criação, com produtores e vaqueiros entendendo sobre comportamento animal. O coordenador técnico de bem-estar animal da MSD, Antony Luenenberg destaca quais critérios devem ser considerados ao pensar em bem-estar. “Bem-estar é algo muito mais amplo, é a maneira como a gente trata os animais, se eles têm alimento disponível, se eles tem água e se eles estão livre de doenças”.
Antony Luenenberg ressalta a importância da preocupação com bem-estar animal na hora da produção. “Cada vez mais a população têm se preocupado com a maneira que se produz o alimento, com a forma que eles são produzidos e com a segurança alimentar. Então a gente tem que começar a mudar a maneira com que a gente produz o alimento”. O coordenador técnico aponta quais as consequências de um animal menos estressado.“Animais menos estressados são animais mais saudáveis e também influenciam na questão da qualidade da carne que você produz, da qualidade do leite e da relação entre ser humano e animal”.
O coordenador técnico destaca que a atenção com o comportamento animal influencia em vários pontos para o produtor. “Bem-estar influencia na produtividade, lucratividade, saúde desses animais e também na resposta imune, porque o estresse mata o sistema imune. Então se eu ter animais estressados, na hora que eu faço uma vacina de coccidiose ou qualquer tipo de vacina, se eles estiverem estressados, a resposta imune é muito baixa”. Para aderir o programa, o produtor deve entrar em contato com a equipe local da empresa e eles informarão a melhor forma de conduzir os tratamentos na fazenda.
*Texto publicado com supervisão de Douglas Ferreira