Nesta semana aconteceu a reunião anual do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Bonito (MS). O evento reuniu representantes das nações que compõem o bloco para discutir ações e compromissos para com a agricultura. De todas as discussões feitas, derivou-se a Carta de Bonito, assinada pelos cinco representantes, e contém 27 parágrafos que detalham os principais acordos.
O documento discorre sobre assuntos importantes, como tecnologia, regras sanitárias e a responsabilidade do agronegócio em alimentar a população mundial, considerando que as nações, quando somadas, correspondem a 40% dos habitantes do globo.
A carta trata de temas como inovação, comunicação do setor, startups, facilitação de comércio, princípios científicos, regionalização e sustentabilidade. O documento institui que os países do Brics fortaleceçam os mecanismos e aprimorarem a comunicação em importantes temas internacionais, para incentivar as novas soluções para o aumento da produção de alimentos, o empreendedorismo em startups de agrotecnologia, o aumento do comércio internacional, a segurança alimentar em países em desenvolvimento e o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Um dos compromissos firmados na carta é o reconhecimento da importância da agricultura sustentável e o papel da biotecnologia para o aumento da produtividade, com menos terras e insumos. “Compartilhamos o compromisso de melhorar a eficiência por meio do aumento da produtividade e custos reduzidos, e de expandir o uso de sistemas integrados e sustentáveis de produção de plantas e animais, para aumentar o uso da agricultura de precisão, irrigação e elementos da agricultura digital”.
Outro ponto abordado na carta é sobre o compromisso de aumentar a participação de biocombustíveis sustentáveis, outras fontes de energia renováveis na matriz energética dos países do Brics e incentivar medidas para evitar a erosão do solo com a proteção das margens dos rios a partir da vegetação nativa. “Reafirmamos nosso compromisso com a proteção do meio ambiente e sua importância para a produção agro-alimentar”, diz o trecho.
Tecnologia
Os países deverão fortalecer o intercâmbio mútuo em áreas como biotecnologia e nanotecnologia, ao ressaltar a importância de melhorar a aplicação das tecnologias da informação e comunicação na agricultura, a fim de efetivar a adaptabilidade da agricultura às mudanças climáticas e apoiar a bioeconomia. “Reconhecemos que, para produzir mais alimentos de maneira sustentável, a conectividade digital rural é de suma importância. Requer desenvolvimento adicional da agricultura digital e expansão da infraestrutura digital, especialmente para aproveitar todo o potencial da tecnologia da Internet das Coisas em diferentes estágios da cadeia de produção”, diz o documento.
Regras sanitárias
Os representantes concordaram em se comprometeram com a manutenção de regras sanitárias e fitossanitárias baseadas em princípios científicos para “proporcionar um ambiente favorável ao comércio e ao desenvolvimento tecnológico”. Outro ponto acordado foi o fortalecimento dos diálogos comerciais e para promover a implementação de normas sanitárias e fitossanitárias internacionais, com o objetivo de harmonizar os procedimentos de exportação. O documento também aborda a necessidade de discutir as diferenças entre as regras internacionais de comércio eletrônico.
Outro compromisso foi o de aprimorar a comunicação entre os cinco países para facilitar o procedimento de avaliação da aplicação da certificação nas áreas livres de pragas ou doenças. “Instamos os países a avaliar solicitações de reconhecimento de condições regionais e status sanitário ou fitossanitário, de acordo com os padrões, diretrizes ou recomendações internacionais relevantes”, diz a carta.
Compromisso mundial
A ministra Tereza Cristina do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) disse durante o evento que houve um consenso entre os cinco países sobre os temas básicos discutidos na reunião. A ministra enfatizou a urgência em promover novas soluções para a produção de alimentos e a responsabilidade em alimentar 9,8 bilhões de pessoas até 2050.
Com informações do Mapa.
*Texto com supervisão de Adriano Falleiros.