“Nós podemos agregar muito para a produção agrícola mundial”

Professor Sérgio De Zen da Esalq avalia reunião dos ministros da agricultura que compõem o Brics

27/09/2019 às 12:33 atualizado por Thalya Godoy* - SBA | Siga-nos no Google News
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O 4º Simpósio Internacional de reprodução, produção e nutrição de bovinos (Repronutri), começou na última quarta-feira (25) e segue até hoje (27), em Campo Grande (MS). O evento é realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo e trata dos sistemas produtivos da pecuária agregados ao campo e a ciência, com a intenção de colaborar com o progresso da área.

O simpósio conta com visitantes e palestrantes de diversos estados do país e de outros países, como a pesquisadora referência mundial em bem-estar animal, Temple Grandin e o pesquisador Peter Sutovsky da Universidade do Missouri (EUA). Outro destaque foi o professor da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq USP), Sergio de Zen, com formação na área de engenharia agrônomica e economia, que na manhã de ontem (26), apresentou a palestra sobre o “Panorama e perspectivas do agronegócio Brasileiro”.

Professor da Esalq avalia Brasil em relação aos países do BRICS.
Foto por: Thalya Godoy

Perguntado sobre a reunião dos ministros da agricultura dos países que compõem o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), reunidos em Bonito (MS), ele comentou que é oportuno que o encontro seja realizado em uma cidade referência de conservação ambiental, mostrando o interior do país. “Eu acho que existem problemas? Existem, a gente tem que assumir, mas existe muita coisa boa a se mostrar e a se falar. Quando você faz uma reunião dessa, na realidade está captando as estratégias de vários países”, ele afirma.

China

Para De Zen, a China será um eterno exportador de alimentos, devido a pouca área apta para cultivo e a superpopulação, que possui 1,386 bilhão de pessoas atualmente. “O Brasil está na outra ponta, ele sempre será um grande exportador de alimentos. A gente não tá explorando a potencialidade que a gente tem. Nós temos muito potencial a desenvolver, a criar, organizar. Uma visão estratégica de médio e longo prazo é fundamental”, explica o professor.

Índia

O economista avalia que a Índia é também um potencial importador de alimentos brasileiros. “Embora ainda tenha uma produção maior que a China, que é uma colcha de retalhos a Índia, sendo um país bastante heterogêneo, mas tem condições”, afirma.

Rússia

O professor explica que a Rússia é um país dependente das exportações de petróleo, mas que possui desejo de se tornar futuramente produtor de alimentos, mesmo que necessitem importar alguns itens, como soja e milho para produzir a proteína animal. “Os europeus, de um ponto de vista, se aproveitam de certos momentos para justificar a não importação de proteína animal brasileira porque, do lado econômico e social, a nossa produção é muito mais socialmente, ambientalmente e economicamente, sustentável que europeia”, ele aponta.

 

África do Sul

Sobre o país africano, o professor diz que possui potencial para ser o maior concorrente do Brasil, mas devido aos conflitos internos de ordem cultural e política, fica impossibilitado de produzir mais. Ainda, afirma que ele é um potencial comprador e porta de entrada de exportação para a África. “No futuro, ela vai poder fazer isso se conseguir resolver esses problemas e vai se tornar um grande produtor, só que ai vai precisar da tecnologia brasileira. Então, nós detemos um patrimônio que, no meu ponto de vista, precisa quantificar melhor. É um patrimônio que ta em valoração o nosso valor intelectual, valor biológico, que podemos agregar muito a produção agrícola mundial”, avalia.

 

 

*Texto supervisionado por Douglas Ferreira


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