O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a defender nesta terça-feira (8) que é necessário "normalizar" a política monetária do Brasil. Ele repetiu que há indícios de entupimento nos canais de transmissão da taxa Selic para a economia, o que exige juros mais altos do que em países semelhantes.
"O tema que geralmente causa estranheza quando você conversa com outros economistas de outros países, especialmente outros banqueiros centrais, é como é o Brasil convive com taxas de juros num patamar mais elevado, e ainda assim consegue performar do ponto de vista de apresentar uma atividade econômica dinâmica", disse Galípolo.
Durante uma palestra na Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), em Brasília, Galípolo destacou que alguns subsídios cruzados parecem ter impacto na transmissão da política monetária. Ele citou como exemplo o uso do crédito rotativo pelas famílias. Como os juros da modalidade superam em muito a Selic, eles são pouco sensíveis à taxa básica.
"Subir de 10% para 15% a Selic tem basicamente o mesmo efeito para o cara que está pagando uma taxa de 300%. A sensibilidade é baixa", disse o banqueiro central.
O presidente do BC mencionou, ainda, que uma série de empresas no Brasil consegue emitir títulos de dívida com juros menores do que os de emissões do Tesouro Nacional. Também citou o financiamento imobiliário, dependente da caderneta de poupança, que rende menos do que a taxa básica de juros e cujo financiamento vem caindo estruturalmente, segundo ele.
"Como a gente consegue desfazer algumas dessas distorções? Não vai ser simples", disse Galípolo. "Nesse caso, não vai ter uma bala de prata."