Brasil reage: CNA pede à União Europeia investigação contra boicote francês à carne do Mercosul

Em missão a Bruxelas, representantes do agro brasileiro denunciam redes varejistas francesas por campanha difamatória e pedem apuração formal da Comissão Europeia

28/05/2025 às 10:18 atualizado por Redação - SBA | Siga-nos no Google News
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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregou, nesta terça-feira (27), uma petição à Comissão Europeia solicitando investigação formal contra quatro redes varejistas francesas que, em novembro do ano passado, promoveram boicote à carne brasileira. A ação faz parte de uma missão internacional liderada pela CNA em Bruxelas.

A comitiva brasileira foi composta pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni; o vice-presidente de Relações Internacionais da CNA, Gedeão Pereira; a senadora Tereza Cristina, vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA); e a diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori.

O alvo da denúncia são os grupos Carrefour, Les Mousquetaires, E. Leclerc e Coopérative U, que juntos detêm cerca de 75% do mercado varejista na França. Eles foram acusados de promoverem uma campanha coordenada com alegações infundadas sobre a qualidade da carne do Brasil e de outros países do Mercosul.

Marcelo Bertoni afirmou que a ação visa defender o agronegócio brasileiro e garantir o respeito internacional. “não aceitamos mais episódios como o que ocorreu com o Carrefour e outras redes varejistas. O que estamos fazendo agora é defender o agro brasileiro em outros países, para recebermos o devido respeito. Então, viemos protocolar na Comissão Europeia a nossa reclamação contra esses ataques à sanidade da carne brasileira."

Gedeão Pereira destacou que o Brasil é uma potência agrícola e exporta produtos com qualidade reconhecida mundialmente. Segundo ele, é necessário presença ativa nos mercados internacionais para garantir espaço e combater informações distorcidas.

A senadora Tereza Cristina disse que a CNA exige investigação contra as empresas francesas. “Quem falar mal da nossa carne vai responder por isso”, afirmou, após a entrega do documento à Comissão Europeia.

O documento pede que a Comissão apure as consequências comerciais e reputacionais das declarações feitas pelos varejistas franceses, que, segundo a CNA, desrespeitam os padrões comerciais da União Europeia.

A CNA alega que os anúncios dos supermercados franceses promoveram desinformação sobre a sanidade da carne brasileira, mesmo com o Brasil cumprindo integralmente os padrões sanitários exigidos pela União Europeia.

A petição destaca que os ataques à carne do Mercosul colocam em risco a reputação dos produtos brasileiros e desencorajam a compra por outros varejistas e consumidores europeus.

A confederação aponta ainda que as ações dos varejistas contrariam o Acordo Mercosul-União Europeia, já concluído em dezembro, e ameaçam a credibilidade da Comissão Europeia como representante nas negociações comerciais.

Entre os pedidos, a CNA exige o fim dos boicotes, retratação pública das acusações e aplicação de multas proporcionais às infrações cometidas pelos varejistas.

O documento da CNA reúne declarações públicas dos presidentes das redes varejistas, como a do presidente do Carrefour, Alexandre Bompard, que afirmou nas redes sociais que as carnes do Mercosul não atendem aos padrões exigidos pela França.

A publicação de Bompard desencadeou uma reação em cadeia de outras redes francesas, que anunciaram também a suspensão da venda da carne sul-americana, intensificando tensões durante as negociações do acordo entre os dois blocos.

A CNA e demais entidades do setor agropecuário reagiram imediatamente às declarações, mobilizando autoridades e parlamentares para defender a imagem da carne brasileira.

O presidente da CNA, João Martins, afirmou à época que as acusações eram infundadas e motivaram a busca por apoio jurídico em Bruxelas. “Não é verdade que a carne brasileira não atende aos padrões europeus”, disse.

Martins reforçou que o Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, suína e de frango, com acesso aos mercados mais exigentes do mundo, incluindo Europa, EUA, China e Oriente Médio.

Informações: Assessoria de imprensa - Sistema Famasul e CNA


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