Desde maio de 2021, o Rio Grande do Sul é reconhecido como zona livre de febre aftosa sem vacinação. A conquista abriu portas para mercados mais exigentes e valorizou a carne gaúcha no cenário internacional. Criadora de bovinos das raças Angus e Brangus em Bagé e Cacequi, Antonia Scalzilli afirma que o novo status sanitário aumentou a competitividade e reforçou a qualidade da pecuária do Estado.
Antonia destaca que a atuação do Serviço Veterinário Oficial (SVO) foi fundamental tanto para viabilizar o reconhecimento quanto para garantir os benefícios da certificação no longo prazo. “O Rio Grande do Sul, livre de aftosa sem vacinação, com a implementação da rastreabilidade, a qualidade de carne (temos sólida genética de raças britânicas), sustentabilidade e práticas de bem-estar animal, tem tudo para acessar os melhores mercados internacionais. O que precisamos fazer é comunicar e fazer o mundo saber quem nós somos e como nós produzimos",afirma.
O SVO no RS é representado pelo Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA/Seapi), responsável pela defesa sanitária e inspeção de produtos de origem animal. A equipe é composta por médicos veterinários, técnicos agrícolas, fiscais, auxiliares e demais profissionais dedicados à sanidade animal.
Com a retirada da vacinação em 2020, o Estado intensificou ações preventivas por meio do sistema de vigilância. A coordenadora do PNEFA-RS, Grazziane Rigon, explica que as metas são definidas semestralmente, priorizando áreas de maior risco sanitário, com foco em visitas a propriedades e barreiras de trânsito.
Entre 2020 e 2024, o SVO realizou mais de 41 mil fiscalizações em propriedades, inspecionando 2 milhões de bovinos, 366 mil pequenos ruminantes e 7 milhões de suínos. No mesmo período, foram feitas 4.610 barreiras de trânsito em rodovias, com a abordagem de 35 mil veículos e apreensões em casos de irregularidade.
O Programa Sentinela, criado em julho de 2020, reforçou a fiscalização em zonas de fronteira com Uruguai e Argentina. Foram realizadas 152 operações, mais de mil barreiras de trânsito, 958 propriedades fiscalizadas e cerca de 216 mil quilômetros percorridos, com apreensões e aplicação de multas.
Além da vigilância de fronteira, o SVO também fiscaliza eventos com aglomeração de animais suscetíveis e realiza inspeções ante e post mortem em abatedouros. Casos suspeitos são imediatamente investigados, com coleta de material e envio para diagnóstico laboratorial.
A educação sanitária é outra frente de atuação contínua. O SVO promove ações junto a produtores e envolvidos na cadeia produtiva, reforçando a importância da notificação rápida e da vigilância constante contra a febre aftosa.
No município de Santana do Livramento, região de fronteira seca com o Uruguai, o fiscal Aurélio Vieira relata a intensificação das ações desde a retirada da vacina. Mais de 2.900 propriedades foram fiscalizadas, com inspeção de 555 mil bovinos, 288 mil ovinos e dezenas de suínos. Segundo ele, o trabalho é planejado com base em análise de risco e busca o engajamento dos produtores.
A diretora do DDA da Seapi, Rosane Collares, reforça que o reconhecimento como área livre de aftosa sem vacinação é resultado de anos de trabalho técnico. “A conquista reflete que é um sistema de defesa sanitária animal que está sendo avaliado e validado. Então, como gestores desse sistema no Rio Grande do Sul, nós entendemos que essa certificação, além de todos os benefícios comerciais, reflete o comprometimento e a qualidade do serviço de defesa sanitária animal aqui no Estado", conclui.
Informações: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação RS