A escassez de algodão de alta qualidade no mercado interno tem sustentado os preços, enquanto a guerra comercial entre Estados Unidos e China gera incertezas nas exportações globais de fibra. Corretores e analistas informam que a maior parte do algodão premium já foi exportada ou está comprometida para embarcar, resultando em uma baixa oferta que, combinada com a demanda crescente, tem impulsionado a valorização da pluma.
O agrônomo Augusto Sanches, coordenador técnico de mercado da Nitro, alerta os produtores sobre a importância de monitorar a maturação da fibra. O uso de maturadores pode garantir uma colheita mais uniforme e melhorar a qualidade da pluma. “O estágio de maturação da fibra é determinante para a qualidade do algodão”, afirma Sanches.
Ele também destaca a fase crítica do enchimento das maçãs, onde a planta transfere os fotoassimilados para os órgãos reprodutivos. A aplicação de nutrientes como potássio, magnésio, boro e aminoácidos é essencial para manter o metabolismo ativo e favorecer o peso e a qualidade do capulho.
Doenças como mancha-alvo e ramulária bloqueiam a atenção especial nesta fase da safra. Sanches recomenda um manejo preventivo, iniciando o uso de defensivos biológicos no início do ciclo para evitar o aumento da pressão no final da safra.
O controle do bicudo-do-algodoeiro ainda depende de soluções químicas, e o manejo integrado é necessário para proteger a produção. As lagartas, que atacam diretamente as maçãs, também representam uma ameaça à produtividade. Sanches sugere o uso de tecnologias biológicas baseadas em vírus, combinadas com defensivos químicos, para proteger as estruturas reprodutivas.
O conflito comercial entre EUA e China está impactando os fluxos globais do algodão. O aumento das tarifas sobre produtos chineses pelo governo americano pode alterar o cenário imediato, e se a China reduzir a compra de algodão americano, o Brasil pode se beneficiar. No entanto, Sanches observa que é cedo para avaliar o impacto, já que a China também está investindo na sua produção interna.
De acordo com o USDA, a China deverá produzir 27,1 milhões de fardos de algodão em 2024/25, enquanto o Brasil caminha para uma safra recorde de 3,89 milhões de toneladas, um aumento de 5,1% em relação ao ciclo anterior, segundo a Conab.
Apesar das boas expectativas de produção, o mercado continua volátil no curto prazo, e as disputas comerciais provocam oscilações nos preços internacionais. Especialistas indicam que pode haver uma recuperação dos preços, impulsionada pela competição com soja e milho. Sanches conclui que a qualidade será o diferencial nas vendas futuras, e os produtores que ainda não venderam devem investir em manejo e qualidade para aproveitar valorizações pontuais.
Informações: Agro em Campo