Preço do cacau dispara e afeta produção e vendas de chocolate na Páscoa

A alta de 180% no valor do cacau nos últimos dois anos eleva os custos da indústria de chocolate e impacta a produção de ovos de Páscoa, gerando incertezas no mercado e pressionando preços

31/03/2025 às 09:44 atualizado por Allana Ferrsouza - SBA | Siga-nos no Google News
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O preço do cacau disparou cerca de 180% nos últimos dois anos, impactando tanto a produção de chocolate quanto os custos de produtos de Páscoa. A alta intensificou-se no segundo semestre de 2023, após uma quebra de safra nos principais países produtores da África.

A produção de cacau enfrenta desafios devido à seca e ao calor extremo. A Costa do Marfim, maior produtor mundial, ainda sofre com os efeitos dessas condições climáticas, o que afeta o desenvolvimento das plantas e a formação dos frutos. Já em Gana, segundo maior produtor, há sinais de recuperação, e o governo prevê uma colheita favorável. No Brasil, a perspectiva é de aumento da safra, após anos de quedas, especialmente no Pará e na Bahia, responsáveis por 90% da produção nacional.

A volatilidade do mercado cacaueiro preocupa toda a cadeia produtiva, desde os produtores até as indústrias de chocolate. A incerteza em relação à oferta, demanda e preços afeta o setor. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) espera crescimento na produção nos próximos anos, impulsionado por investimentos em novas regiões, como o Cerrado baiano e o interior de Minas Gerais e São Paulo.

A alta do cacau também afeta a indústria do chocolate, com uma previsão de queda de 20% na produção de ovos de Páscoa em 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab). Apesar disso, o setor deve contratar 9,6 mil trabalhadores temporários, um aumento de 26% em relação ao ano passado. Para driblar os custos, as empresas apostam em diversificação, oferecendo opções menores e mais acessíveis.

Nos supermercados, os preços dos ovos de Páscoa subiram 14%, e os das colombas 5%, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Com a demanda reduzida pelo aumento de preços, a indústria tenta limitar os reajustes, embora a alta nos custos seja inevitável.

Pequenos produtores, como a chef Dayane Cristin, de Osasco (SP), têm buscado alternativas para minimizar os impactos dos preços elevados. Dayane ajustou o preço das suas trufas de R$ 3 para R$ 4, além de pesquisar preços semanalmente para otimizar custos. Apesar da insegurança nos preços, ela mantém sua meta de faturar entre R$ 15 mil e R$ 20 mil com ovos de colher nesta Páscoa.

A tecnologia tem sido um dos pilares para a melhoria da produção cacaueira. Novas técnicas de quebra, fermentação e armazenagem aumentam a produtividade e a qualidade do produto, o que garante maior valor de mercado. Além disso, a ApexBrasil firmou acordos de cooperação com países africanos para fortalecer a produção de cacau e aumentar os ganhos dos produtores locais, que atualmente recebem apenas uma pequena parte da renda do setor.


Informações: Agro em Campo


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