Estiagem prejudica desenvolvimento das lavouras de verão no RS

As áreas mais impactadas são aquelas semeadas no início de novembro, com floração abaixo do esperado

24/01/2025 às 09:44 atualizado por Luiza Vonghon - SBA | Siga-nos no Google News
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A diminuição das chuvas no Rio Grande do Sul configura um quadro de estiagem, especialmente no Centro-Oeste do Estado, onde os danos nas lavouras são mais intensos. 

Segundo o Informativo Conjuntural, publicado pela Emater/RS-Ascar em 23 de janeiro, as áreas mais impactadas são aquelas semeadas no início de novembro, com floração abaixo do esperado, queda de folhas e flores, resultando em perdas significativas nas estruturas reprodutivas e potencial queda na produtividade. Nas lavouras de soja plantadas em dezembro, a falta de fechamento das entrelinhas agrava a perda de umidade do solo, devido à maior exposição ao vento e à radiação solar, além de favorecer a reinfestação de plantas daninhas.

Nas regiões mais críticas, devido ao longo período sem chuvas ou à presença de solos rasos e arenosos, observa-se a morte de plantas jovens por enraizamento inadequado, folhas danificadas e desenvolvimento vegetativo aquém do esperado. No entanto, a estiagem não afeta o Estado de maneira uniforme. Nas lavouras a Leste, o estresse hídrico diminuiu consideravelmente, aproximando-se de condições climáticas normais. 

Nas regiões mais altas do Planalto e nos Campos de Cima da Serra, a regularidade das chuvas tem ajudado a manter o potencial produtivo das lavouras mais próximo do esperado.

O plantio da soja teve avanço limitado, ocorrendo nas áreas com maiores índices de chuvas, que proporcionaram aumento significativo da umidade do solo. No entanto, ainda não foi possível atingir a área total planejada para a safra, que é de 99%. Atualmente, 51% das lavouras estão em germinação e desenvolvimento vegetativo, 34% em floração e 15% em enchimento de grãos.

Na região de Santa Rosa, 59% das lavouras de soja estão em estágio vegetativo, 35% em floração e 5% em enchimento de grãos. O estresse hídrico é evidente, com intenso murchamento das folhas nas manhãs, especialmente em áreas de solos rasos ou pedregosos, que apresentam folhas com coloração parda, indicando perda da capacidade fotossintética e possível senescência, caso a precipitação não se recupere. Chuvas mais volumosas, embora mal distribuídas, possibilitaram a retomada do plantio da soja em algumas áreas.

Devido à estiagem, os sistemas de irrigação estão operando regularmente, garantindo o desenvolvimento adequado das lavouras. No entanto, será necessário monitorar a presença de ferrugem devido ao aumento da umidade. Após a colheita do milho nas lavouras irrigadas, os produtores estão semeando soja nessas áreas, que já estão na fase de emergência das plantas. As áreas de milho em sequeiro, por sua vez, aguardam chuvas para o plantio.

Na região de Soledade, o estresse hídrico nas lavouras de soja aumentou. Durante as horas mais quentes, as plantas apresentam folhas murchas, mas se recuperam à noite e pela manhã. Esse mecanismo fisiológico visa reduzir a perda de água. Contudo, em áreas com limitações físicas de solo, as perdas são irreversíveis e podem aumentar se não chover. O momento é decisivo para a produtividade, pois 45% das lavouras estão em floração e 10% em enchimento de grãos, tornando a recuperação da umidade extremamente necessária.

Milho

A colheita avançou significativamente, atingindo 28% da área projetada. As lavouras semeadas entre agosto e outubro, em sua maioria, não enfrentaram restrições hídricas, com resultados iniciais favoráveis, superando, em muitos casos, o potencial produtivo estimado. Mesmo nas lavouras em floração, afetadas pela seca de novembro, as perdas observadas foram inferiores às inicialmente previstas.

Na região Centro-Oeste do Estado, nas áreas cultivadas mais tardiamente, a estiagem tem causado impactos, especialmente nas lavouras em floração e enchimento de grãos. Espera-se uma redução na produtividade, e algumas lavouras estão sendo redirecionadas para forrageamento direto ou produção de silagem. Na Região Leste, a frequência de chuvas está próxima da normalidade, sem afetar significativamente as lavouras em fases produtivas.

Milho Silagem

As atividades de ensilagem continuaram durante o período, apesar das chuvas que beneficiaram as lavouras em estágios reprodutivos. A produtividade das lavouras colhidas está elevada, pois a maioria dos cultivos contou com boa disponibilidade hídrica ao longo do ciclo. No entanto, as lavouras em fase reprodutiva nas regiões Centro e Oeste estão sendo impactadas pela estiagem. Algumas lavouras inviáveis para produção de grãos estão sendo direcionadas para ensilagem, mas o produto terá qualidade inferior em comparação com as lavouras colhidas previamente.

Arroz

A colheita do arroz teve início em 15 de janeiro nos municípios de Itaqui e Maçambará. As áreas, semeadas entre 1 e 10 de setembro, alcançaram a maturação sem grandes impactos da estiagem, que afeta a região desde meados de dezembro. A produtividade é considerada satisfatória, atingindo 8.750 kg/ha. As condições climáticas permaneceram favoráveis para as demais lavouras, embora o risco de estresse devido às altas temperaturas nos municípios da Fronteira Oeste possa afetar as lavouras em fase de floração e pré-floração.

A excelente disponibilidade de radiação solar e a baixa umidade relativa do ar têm sido favoráveis à sanidade da cultura. No entanto, o consumo de água para irrigação continua alto, exigindo monitoramento dos níveis dos rios e barragens. Segundo o Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga), a área plantada é de 927.885 hectares de arroz irrigado. A Emater/RS-Ascar estima uma produtividade inicial de 8.478 kg/ha.

Feijão 1ª safra

A colheita da primeira safra está avançando e se aproxima da finalização nas regiões Centro e Planalto Médio. As lavouras apresentam produtividades variáveis, refletindo o nível tecnológico utilizado e as condições climáticas enfrentadas. Os grãos colhidos têm peso e qualidade adequados, garantindo boa aceitação no mercado e correspondendo às expectativas para a safra. Os rendimentos estimados são de 1.600 kg/ha.

Olerícolas e Frutícolas

Abobrinha

Na região da Emater/RS-Ascar de Lajeado, em Feliz, a área de cultivo de abobrinha cresceu nos últimos anos, com 90% sendo plantada em estufas (túnel baixo). Essa tecnologia permite produção praticamente o ano todo, inclusive no inverno. O período atual é de safra de boa qualidade. A variedade mais cultivada é a Italiana, com preços variando entre R$ 1,25 e R$ 1,75 por quilo.

Milho-verde

Na região de Bagé, a colheita das primeiras lavouras de milho-verde, semeadas em setembro, gerou excelentes resultados. No entanto, as lavouras semeadas em outubro sofreram perdas significativas devido à estiagem, que afetou a cultura na fase de floração. Em Santa Rosa, as lavouras de milho-doce e milho-verde estão em plena colheita. A espiga de milho-doce está sendo vendida por R$ 1,50 e a espiga de milho-verde por R$ 0,80.

Figo

Na região da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a expectativa para a safra 2024/2025 é de uma colheita um pouco menor em relação aos valores históricos, devido aos danos causados pelas enchentes de abril/maio de 2024. A área de cultivo permanece estável, e os produtores seguem com a renovação dos pomares.

A colheita começou em meados de dezembro no Vale do Rio Caí e em janeiro nas regiões de Caxias do Sul, Nova Petrópolis e Gramado. A qualidade dos frutos está satisfatória, com preços variando de R$ 3,50/kg (para grandes indústrias) a R$ 9,00 a R$ 15,00/kg (para consumo de mesa). Alguns produtores estão vendendo frutas a granel por R$ 6,00 a R$ 9,00/kg.

 

Informações: secretaria da agricultura, pecuária, produção sustentável e irrigação do Rio Grande do Sul 


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