Seca deste ano é a maior da história e afeta 59% do território nacional, castigando sobretudo o Pantanal

Antes dessa seca, a pior verificada até então foi a de 2015-2016 que afetou cerca de 4,6 milhões de quilômetros quadrados

11/12/2024 às 17:25 atualizado por Laura Diaz - SBA | Siga-nos no Google News
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A seca iniciada em 2023 e que ainda persiste – com índices de chuvas abaixo da média histórica abrange cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a 59% do território nacional. Os dados estão na Nota Técnica do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) elaborada no início do mês, que traça um panorama das condições climáticas dos últimos 75 anos e confirma que os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal atravessam a pior seca desde 1950.

O Cemtec/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), tem analisado os dados climáticos dos últimos anos e emitido reiterados alertas para anomalias tanto nos baixos índices de chuvas, que provocam a redução do volume dos rios, como para a elevação das temperaturas, o que agrava a situação e exige cuidados especiais e medidas para adaptação à nova realidade.

Antes dessa seca, a pior verificada até então foi a de 2015-2016 que afetou cerca de 4,6 milhões de quilômetros quadrados (aproximadamente 54% do país). O registro anterior de maior gravidade foi a seca de 1997-1998, com abrangência de cerca de 3,6 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a 42% do território nacional.

Até setembro de 2024, aproximadamente 1.200 municípios no Brasil enfrentaram condições de seca severa. No mês de julho, dos 45 municípios sul-mato-grossenses analisados pelo Cemtec-MS, 31 municípios tiveram chuvas muito abaixo da média histórica. A região do Pantanal tem experimentado secas severas e prolongadas desde 2019, com os anos de 2019-2022 marcados por eventos climáticos extremos, incluindo três episódios consecutivos de El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico, fenômeno que provoca alterações climáticas em todo planeta.

A precipitação abaixo da média, as altas temperaturas, somado aos níveis críticos dos rios, indicam uma situação de escassez hídrica extrema e crescente vulnerabilidade ambiental. Esta combinação de fatores cria um ambiente propício à propagação de incêndios florestais no Pantanal, que já têm sido uma preocupação recorrente no Pantanal durante os períodos de seca. Além disso, a escassez dos recursos hídricos agrava os desafios relacionados ao abastecimento de água, à agricultura e à pecuária, e compromete o funcionamento de serviços ecossistêmicos vitais, como a regulação do clima e a manutenção da biodiversidade”, prossegue o estudo do Cemaden.

No dia 18 de outubro passado o rio Paraguai atingiu o menor nível histórico registrado na estação fluviométrica de Ladário, -69 centímetros. A situação crítica não se limitou à região de Ladário, já que em Porto Murtinho foi batido outro recorde mínimo de apenas 53 centímetros em 24 de outubro. Diante disso, o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) emitiu alerta para riscos ambientais e operacionais associados ao evento extremo.

Prognóstico feito pelos técnicos do Cemtec/MS com base em diferentes modelos climatológicos conclui que as chuvas devem ficar dentro ou próximo da média histórica em Mato Grosso do Sul, durante a Primavera que termina agora em dezembro. Já as temperaturas tendem a fechar o período acima da média histórica, o que reforça o alerta para risco de ocorrência de incêndios florestais, sobretudo nas regiões Pantanal e Sudoeste.

Texto de João Prestes, SEMADESC


 



 


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