Pesquisa desenvolve amora-preta mais doce e de alto potencial de lucro

Com produção média de 1,2 kg por planta, com picos de produção de até 1,8 kg, a BRS Terena oferece aos produtores um potencial de lucro líquido em torno de R$ 30 mil por hectare

26/11/2024 às 11:28 atualizado por Laura Diaz - SBA | Siga-nos no Google News
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A pesquisa agrícola brasileira lança uma nova cultivar de amora-preta focada no mercado de consumo in natura. Desenvolvida pela Embrapa, a BRS Terena combina alta produtividade, sabor mais doce, baixa acidez e longa conservação pós-colheita, características que trazem vantagens a agricultores e consumidores.

Com produção média de 1,2 kg por planta, com picos de produção de até 1,8 kg, a BRS Terena oferece aos produtores um potencial de lucro líquido em torno de R$ 30 mil por hectare, além de vantagens operacionais, como menor densidade de espinhos em relação à cultivar Tupy, o que facilita o manejo e a colheita.

A BRS Terena é uma excelente opção para produtores que querem investir no mercado de frutas frescas. Seu sabor mais doce do que ácido e o tempo de prateleira prolongado fazem com que as frutas da cultivar sejam mais atrativas ao mercado”, conta a pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira, da Embrapa Clima Temperado (RS), que é coordenadora do projeto de melhoramento de amoras-pretas .

Diferenciais em sabor e qualidade pós-colheita

O sabor é um dos principais destaques da BRS Terena. Comparada a outras cultivaress, como a BRS Tupy, a Terena apresenta um sabor doce-ácido, com teor de sólidos solúveis (Brix) de 10,3º, superior aos 8,9º da Tupy e aos 9,5º da BRS Cainguá. “O mais importante é que a proporção de açúcar em relação à acidez (responsável pela sensação doce ao paladar) é quase o dobro do obtido na cultivar Tupy”, explica Maria. Isso se traduz em uma fruta mais doce, ideal para o consumo in natura, que atende à preferência do mercado brasileiro por frutas de menor acidez.

Outro diferencial é a capacidade de conservação. Em testes realizados no Laboratório de Fisiologia de Pós-colheita da Embrapa Clima Temperado, a nova cultivar manteve sabor, cor e firmeza durante 10 dias de armazenamento refrigerado, enquanto outras cultivares apresentaram maior degradação nesse período. As frutas observadas foram colhidas com ponto de maturação comercial. “Como o experimento foi por dez dias, pode ser que ainda conserve por mais tempo”, analisa Raseira.

Adaptação e regiões indicadas para cultivo

A nova cultivar é indicada para as regiões Sul e Sudeste e algumas áreas do Nordeste do Brasil, onde já existem cultivos de amoreira-preta, podendo atingir altas produtividades. Andrea de Rossi, pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho(RS) que lidera os experimentos para validação da cultivar em Vacaria (RS), na região dos Campos de Cima da Serra, confirma que a cultivar atingiu produções de 1,8 kg/planta na média de quatro safras avaliadas, superando a Tupy em algumas condições.

Lançamento

No dia 27 de novembro, durante Dia de Campo na Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado, em Vacaria (RS), a BRS Terena será apresentada aos produtores rurais. Após o lançamento, as mudas estarão disponíveis para compra em viveiros licenciados, como o Frutplan Mudas, em Pelotas (RS), e o Guatambu Viveiro de Mudas, em Ipuiúna (MG).

Como parte da tradição do programa de melhoramento genético, o nome da cultivar homenageia os povos indígenas brasileiros, neste caso, o povo Terena. É resultado de uma parceria entre dois centros de pesquisa da Embrapa localizados no Rio Grande do Sul:Embrapa Clima Temperado e Embrapa Uva e Vinho.

Imagens e informações: Embrapa


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