O primeiro Polo de Agricultura Irrigada de Mato Grosso do Sul foi oficialmente nomeado e definido em sua área de abrangência durante uma oficina técnica realizada na segunda-feira (1º), no auditório da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados. Intitulado Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul de Mato Grosso do Sul, o polo abrange 26 municípios, que juntos somam cerca de 80 mil hectares de lavouras irrigadas.
Este é o 14º Polo de Agricultura Irrigada do Brasil, criado e coordenado pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, com apoio da Semadesc, Embrapa e da Associação de Irrigantes. O evento contou com a presença de uma equipe técnica do Ministério, técnicos da Embrapa, da Sudeco, do coordenador de Agricultura da Semadesc, Fernando Nascimento, e agricultores que já utilizam ou pretendem adotar a irrigação.
Em julho deste ano, o Governo do Estado lançou o Programa Estadual de Irrigação (MS Irriga), visando impulsionar uma agricultura tecnológica, estratégica e sustentável. Até julho, Mato Grosso do Sul já contava com 320.304 hectares de áreas irrigadas, com um aumento de 63% entre 2015 e 2024. Somente com pivôs centrais, 84 mil hectares são irrigados em 53 municípios, cultivando soja, milho e pastagens.
Com a criação do Polo, os governos estadual e federal concentrarão esforços nas localidades abrangidas para implementar projetos que exigem investimentos, infraestrutura e energia elétrica. O pesquisador da Embrapa, Denilton Flumignam, destacou a segurança hídrica da área, mencionando experimentos que demonstram como a irrigação aumenta a produtividade: em três anos, a soja irrigada rendeu 172 sacas, enquanto a não irrigada produziu 134 sacas. Para o milho, os números foram ainda mais expressivos: 407 sacas irrigadas contra 253 sem irrigação.
O Governo Federal aposta na irrigação para elevar a produtividade e obter safras maiores sem a necessidade de expandir áreas agrícolas. A diretora do Departamento de Irrigação do Ministério, Larissa Rego, ressaltou o potencial do Brasil, que possui cerca de 55 milhões de hectares aptos para irrigação, embora apenas 8,5 milhões sejam atualmente irrigados.
Mato Grosso do Sul possui aproximadamente 4,9 milhões de hectares que podem ser irrigados, todos na Bacia do Rio Paraná. Desses, 2,4 milhões são classificados com alta aptidão, posicionando o Estado em segundo lugar no ranking nacional de competitividade.
A estratégia de irrigação busca maximizar o potencial das lavouras em produtividade e capacidade, permitindo até três safras anuais. Além de soja e milho, cultivos de ciclo curto podem ser introduzidos entre as safras. O governo estadual visa também incentivar a produção de frutas e hortaliças, que hoje são importadas, visando abastecer o mercado interno.
Estudos apresentados na oficina demonstraram que a Agricultura Irrigada pode gerar até 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil, além de melhorar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) local, proporcionando melhores condições de vida e reduzindo o êxodo rural. A irrigação também contribui para a gestão responsável dos recursos hídricos e a conservação ambiental.
Os municípios que fazem parte do Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul de Mato Grosso do Sul são: Anaurilândia, Angélica, Antonio João, Batayporã, Caarapó, Deodápolis, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados, Itaporã, Ivinhema, Jateí, Juti, Laguna Carapã, Maracaju, Naviraí, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul, Ponta Porã, Rio Brilhante, Sidrolândia, Taquarussu, Vicentina e Ribas do Rio Pardo.
A oficina que estruturou a seção estadual do programa ocorreu durante todo o dia, incluindo apresentações sobre a área irrigada no país, suas potencialidades e metas, além da escolha do nome do polo e a formação do Grupo Gestor. Na parte da tarde, os participantes puderam discutir demandas e estratégias para superá-las.
Fonte: SEMADESC