A produção brasileira de arroz enfrenta desafios significativos devido à baixa demanda interna e à redução das exportações. O arroz é o terceiro cereal mais cultivado no mundo, atrás do trigo e do milho, com a cultura sendo predominante em cerca de 120 países. No entanto, o comércio internacional do grão representa apenas 10% da oferta global, refletindo uma autossuficiência relativa, já que os países tendem a consumir predominantemente o arroz que produzem.
Nos últimos anos, o consumo global de arroz tem crescido, mas a taxas modestas, especialmente no Sudeste e Sul da Ásia, onde a diversificação alimentar tem diminuído a demanda pelo cereal. Por outro lado, muitos países africanos estão aumentando seu consumo, principalmente nas áreas urbanas.
No Brasil, a demanda nacional de arroz caiu em média 0,57% ao ano desde 2001/02, e 1,2% a partir de 2010/11. Essa queda na demanda interna, combinada com limitações nas exportações, resultou em uma redução expressiva da área plantada, que caiu 54,5% nas últimas três safras em comparação a 2001-2005. Embora a produção tenha aumentado até 2010/11, a oferta começou a diminuir, mesmo com um aumento significativo na produtividade, graças ao uso de cultivares de maior rendimento.
O Sul do Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul, concentra a maior parte da produção, o que levanta questões logísticas para atender a demanda em outras regiões. O país frequentemente apresenta superávits modestos no comércio externo de arroz, mas também realiza importações regulares do Paraguai, Argentina e Uruguai. Entre 2001 e 2024, o Brasil atuou como exportador líquido em 12 anos e importador líquido em 11, com as transações externas representando cerca de 9% da produção nacional.
Os preços do arroz no mercado interno tendem a seguir as cotações internacionais, mesmo com a participação limitada do Brasil no comércio global. Ao longo dos últimos 20 anos, o preço real do arroz no Brasil se manteve estável, com um crescimento médio de apenas 0,12% ao ano. Apesar da volatilidade dos preços, a alta produtividade tem garantido o abastecimento interno em níveis adequados, compensando a queda da área cultivada.
Diante desse cenário, a análise sugere que não há necessidade de intervenções adicionais, já que o mercado está se ajustando de forma eficiente, promovendo exportações e importações conforme as condições econômicas.
Fonte: Cepea