A produção de soja no Brasil, o principal grão cultivado no país, está passando por um momento crítico na safra 2023/2024. Além das adversidades climáticas, como baixa precipitação e altas temperaturas, os produtores estão lutando contra uma infestação severa de pragas, incluindo lagartas e percevejos. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção do grão caiu para 147,38 milhões de toneladas, representando uma redução de 4,7% em relação ao ciclo anterior.
As principais áreas afetadas são o Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba, onde o plantio ocorreu entre setembro e outubro. Fábio Lemos, gerente de culturas e portfólio da FMC, destacou que, devido ao aumento da pressão das pragas, muitos produtores estão recorrendo a uma maior aplicação de defensivos. “Na safra 23/24, a área aplicada de defensivos para controle de lagartas e percevejos aumentou 31%, alcançando 27% dos modos de tratamento na sojicultura”, afirmou Lemos, citando uma pesquisa da Kynetec.
Spodoptera e percevejos
Entre as pragas mais preocupantes estão as lagartas do gênero Spodoptera, que podem causar até 10% de perda na produtividade se não forem controladas. Além delas, percevejos como o percevejo-marrom (Euschistus heros) e o barriga-verde (Dichelops melacanthus) têm intensificado seus ataques à soja, comprometendo tanto a quantidade quanto a qualidade dos grãos.
Para mitigar esses problemas, a FMC lançou um inseticida inovador que promete controle simultâneo dessas pragas. “O produto possui amplo espectro, longo residual e alta performance em percevejos, além de evitar a mistura de defensivos no tanque”, explicou Lemos. A formulação inclui a tecnologia do lagarticida Rynaxypir, reconhecida como uma das mais eficazes do mercado.
Monitoramento e manejo contínuo
Outro ponto crucial abordado por Lemos é a resistência da Spodoptera, que tem se intensificado ao longo dos anos. “É vital adotar novas soluções para evitar essa resistência. O manejo deve considerar todo o sistema de produção, uma vez que a lagarta possui diversos hospedeiros alternativos no Brasil”, alertou.
O plantio sucessivo, especialmente de milho safrinha e algodão, tem contribuído para a proliferação da praga, que consegue completar seu ciclo durante todo o ano. Produtores têm notado a presença constante da Spodoptera na palhada, exigindo monitoramento rigoroso.
Com a soja sendo um dos pilares da economia agrícola brasileira, a batalha contra pragas como lagartas e percevejos, em meio a desafios climáticos, se torna um grande obstáculo para os produtores. A adoção de tecnologias de controle integrado e o uso de defensivos eficazes são passos essenciais para minimizar os danos e assegurar a produtividade das lavouras.
A Conab ainda não divulgou novas estimativas de produção, mas os produtores continuam a implementar estratégias para reduzir os impactos das pragas e das condições climáticas adversas.
Fonte: FMC e Agro em campo