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O Brasil acumulou 1,861 milhão de sacas de café não embarcadas em agosto, em decorrência dos altos índices de atrasos e alterações nas escalas dos navios para exportação, conforme um levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do País (Cecafé). O não embarque deste volume gerou uma perda significativa de US$ 477,41 milhões, equivalente a R$ 2,651 bilhões em receita cambial, com um preço médio de exportação de US$ 256,55 por saca. Além disso, os exportadores enfrentaram custos extras de R$ 5,364 milhões no mês passado, resultantes de despesas com armazenagem adicional, pré-stackings, detentions e gates antecipados.
Segundo o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 69% dos navios, ou 197 de um total de 287 embarcações, enfrentaram alterações de escalas ou atrasos nos principais portos do Brasil. O Porto de Santos, principal ponto de escoamento do café brasileiro, registrou o maior índice de atrasos, com 86% das 128 embarcações passando por essas dificuldades. O tempo de espera chegou a 29 dias, evidenciando os gargalos logísticos.
No mês passado, apenas 10% dos procedimentos de embarque tiveram um prazo superior a quatro dias de gate aberto. No Porto de Santos, 39% tiveram entre três e quatro dias, enquanto 51% ficaram abaixo de dois dias. O Porto do Rio de Janeiro, o segundo maior exportador, registrou um índice de atrasos de 66%, envolvendo 47 dos 71 navios destinados às remessas do produto.
Diante desse cenário crítico, Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, enfatiza a necessidade de diálogo com autoridades públicas e privadas para mitigar os prejuízos. Ele alerta que a situação é reflexo dos congestionamentos portuários e da falta de infraestrutura adequada para atender à demanda crescente de cargas conteinerizadas. Heron pede uma ampliação de investimentos e a execução urgente de projetos para melhorar a infraestrutura, já que a capacidade de embarques está sendo comprometida.
Os principais desafios enfrentados pelas empresas incluem a falta de estruturas adequadas para cargas conteinerizadas e o esgotamento da infraestrutura portuária. O panorama atual, se não for abordado, pode levar a um aumento ainda maior no acúmulo de carga não embarcada, prejudicando a eficiência do setor e a capacidade do Brasil de manter seus altos níveis de exportação e receita cambial.
Fonte: Cecafé