Safra 23/24 enfrenta pior ataque de pragas em 12 anos no cultivo de algodão em Mato Grosso

Infestação de bicudo do algodoeiro e outras pragas ameaça a sustentabilidade da produção, exigindo medidas urgentes dos produtores

16/08/2024 às 10:44 atualizado por Roberta Martins - SBA | Siga-nos no Google News
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A safra 23/24 de algodão em Mato Grosso está se revelando uma das mais desafiadoras dos últimos anos, especialmente devido ao aumento significativo das pragas. Entre elas, destaca-se o bicudo do algodoeiro, que alcançou a pior média de infestação registrada em 12 anos de monitoramento no estado. Segundo dados apresentados no evento técnico da Fundação Mato Grosso, a média de 8,97 bicudos por armadilha por semana (BAS) foi quase quatro vezes maior do que a da safra anterior (22/23), quando o índice foi de 2,15 BAS.

Esse cenário alarmante foi discutido no painel "Panorama das Pragas na Safra 23/24", onde o doutor em Entomologia Agrícola e pesquisador do Instituto Mato-Grossense do Algodão, Guilherme Rolim, destacou a dinâmica do bicudo nas lavouras de algodão do estado. De acordo com ele, a destruição inadequada de plantas no fim do ciclo do algodão, agravada por condições climáticas desfavoráveis, contribuiu para a multiplicação da praga. “A permanência de plantas de algodão em meio às lavouras de soja permitiu que o inseto continuasse se reproduzindo na área”, explicou.

Guilherme enfatizou a importância de medidas preventivas e de manejo para conter a praga, como a destruição efetiva dos restos culturais e o uso de armadilhas com feromônios. Ele alertou que, sem uma abordagem proativa, a sustentabilidade da produção de algodão pode ser seriamente comprometida.

Além do bicudo, os produtores enfrentam desafios com outras pragas, como a lagarta Spodoptera frugiperda e o ácaro-rajado (Tetranychus urticae). A pesquisadora Lúcia Vivan, da Fundação Mato Grosso, destacou que o fenômeno climático El Niño, ao provocar temperaturas mais altas e clima seco, acelerou o ciclo de vida dessas pragas, tornando-as mais difíceis de controlar. A ausência de biotecnologia eficaz para o controle do ácaro-rajado e sua difícil identificação nos estágios iniciais tornam essa praga particularmente problemática nesta safra.

O gerente técnico regional do grupo Bom Futuro, Cid Reis, que administra 58 mil hectares de algodão em Campo Verde, relatou dificuldades no manejo dos algodoeiros. Ele mencionou que, na safra 23/24, foram necessárias 15 aplicações de defensivos para controlar o bicudo, três a mais do que o previsto. “Estamos buscando alternativas para reduzir o número de aplicações, como o uso de armadilhas e seguindo as recomendações técnicas para um manejo mais eficiente”, afirmou.

Diante desse cenário, os produtores de algodão em Mato Grosso e em outros estados, como a Bahia, precisam adotar práticas de manejo integrado de pragas e se manter atualizados com as tecnologias e orientações disponibilizadas por entidades como a Fundação Mato Grosso. Somente com uma abordagem conjunta e preventiva será possível enfrentar as adversidades impostas por essa safra desafiadora.

 

Fonte: Fundação MT


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