O setor de arroz brasileiro registrou um saldo comercial negativo significativo na temporada 2024/25, conforme os últimos dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O saldo negativo alcançou 152,07 mil toneladas de arroz base casca, revertendo o superávit de 99,93 mil toneladas registrado na temporada anterior.
Entre março e julho, as exportações do grão base casca totalizaram 549,14 mil toneladas, uma queda expressiva de 37,48% em relação as 754,94 mil toneladas exportadas no mesmo período da temporada 2023/24. A redução nas exportações foi particularmente acentuada, um declínio de 63,6%, com 159,71 mil toneladas exportadas em comparação com 438,17 mil toneladas no ano anterior.
De acordo com o consultor e analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, com o fim da primeira quinzena de agosto, o setor se prepara para a entrada da nova safra nos Estados Unidos, um dos principais concorrentes do Brasil na exportação de arroz, especialmente do grão em casca. Enquanto algumas regiões dos EUA já iniciaram a colheita, os maiores produtores, como o Arkansas, deverão começar apenas no início de setembro.
“Atualmente, os preços de exportação do arroz em casca dos EUA estão em torno de US$ 385 por tonelada, enquanto os preços brasileiros superam US$ 460 por tonelada. Essa diferença de aproximadamente 20% torna o produto americano significativamente mais competitivo, o que tem limitado as exportações brasileiras e reduzido a capacidade de recuperar mercados importantes como México, Costa Rica e outros países da América Central e Caribe”, explica.
Por outro lado, as exportações de arroz quebrado registraram um aumento de 12,4%, atingindo 232,46 mil toneladas, em contraste com 206,87 mil toneladas embarcadas na temporada passada. O cereal branco também teve crescimento nos embarques, com 155,43 mil toneladas exportadas, contra 109,37 mil toneladas no mesmo período da temporada anterior. No caso do arroz descascado, o volume exportado subiu para cerca de 1,5 mil toneladas, uma melhora em relação às 530 toneladas exportadas na temporada anterior.
No lado das importações, o Brasil avançou 7,05% em relação ao volume de arroz base casca importado, que totalizou 701,21 mil toneladas, comparado às 655,01 mil toneladas da temporada anterior. A importação de arroz branco subiu para 457,91 mil toneladas, frente às 355,46 mil toneladas de 2023. Em contraste, as importações de arroz descascado diminuíram 19,04%, totalizando 217,38 mil toneladas, em comparação com 268,49 mil toneladas na temporada anterior.
Oliveira destacou que, apesar da perspectiva de uma safra norte-americana pressionando os preços no segundo semestre, ainda há esperança para exportações de arroz branco e quebrado até o final do ano. No entanto, a recuperação dos preços internos depende crucialmente de uma reação positiva na demanda interna. No Rio Grande do Sul, por exemplo, os preços permanecem estáveis, em torno de R$ 118 a R$ 119 por saca, com dificuldades para reagir devido à baixa demanda interna.
“Esperamos uma produção maior para a próxima temporada, com previsões de aumento na produção no Brasil e na região do Mercosul, devido a melhores condições climáticas e níveis adequados de água nas barragens”, prevê o analista. Porém, conforme Oliveira, a grande oferta esperada para 2025 exige uma recuperação da demanda interna e um escoamento eficiente para evitar um cenário de preços pressionados e margens pouco atrativas para os produtores.
Fonte: Safras e Mercado