Argentina busca intensificar negociações para exportar gás ao Brasil via Bolívia

A escassez regional do insumo ameaça empurrar o Brasil para importações mais caras

01/04/2024 às 16:39 atualizado por João Pedro Flores - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: Divulgação TBG

 

Companhias de energia da Argentina e do Brasil iniciaram negociações para reverter o fluxo de gás para o sul de uma rede de gasodutos que liga os países a partir da Bolívia, já que a escassez regional do insumo ameaça empurrar o Brasil para importações mais caras.

Uma proposta preliminar de mudança do gasoduto não conseguiu ganhar força com o governo boliviano, deixando o Brasil cada vez mais exposto a oscilações nos preços do gás natural liquefeito (GNL).

As exportações da Bolívia, que já foi um dos principais produtores da região, diminuíram rapidamente e podem não estar disponíveis após 2029, segundo especialistas.

A opção mais rápida e barata para resolver o déficit regional pode ser a exportação de gás da formação argentina de xisto Vaca Muerta, revertendo uma rede de gasodutos bolivianos que tem levado o gás para o sul. Porém, o governo do presidente argentino Javier Milei precisa primeiro concluir a reversão do gasoduto do norte para levar seu gás até a fronteira boliviana e criar a estrutura comercial necessária para negociar tarifas.

O governo boliviano e a estatal YPFB rejeitaram recentemente uma proposta inicial da Argentina e do Brasil de pagar um pedágio pela passagem do gás argentino por seu território, segundo três executivos das empresas envolvidas.

O país andino propôs a importação do gás argentino e sua revenda a empresas no Brasil, acrescentaram. Esse plano foi rejeitado pelas contrapartes porque implicaria custos de importação significativamente mais altos para o Brasil.

A Argentina quer resolver os gargalos do transporte interno este ano para equilibrar sua balança comercial de energia e começar a planejar suas exportações. Por sua vez, a Bolívia teria que negociar termos para facilitar a passagem do gás por seu território.

Se ambas as coisas acontecerem, o gás argentino começará a fluir para o Brasil no próximo ano, durante a temporada de baixa demanda na Argentina, disse Alvaro Rios, diretor da consultoria Gas Energy Latin America.

Os preços do GNL atingiram um recorde em 2022, desencadeado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, mas caíram para seu nível mais baixo em quase três anos devido à demanda mais fraca do que o esperado devido a um inverno ameno e grandes estoques nos Estados Unidos, Europa e Japão.
 

Fonte: Reuters


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