Safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas será 3,8% menor em 2024, segundo o IBGE

Previsão de colheita é de 303,4 milhões de toneladas, conforme levantamento divulgado hoje

08/02/2024 às 11:30 atualizado por Redação - SBA | Siga-nos no Google News
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De acordo com a estimativa de janeiro do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado hoje (08) pelo IBGE, a safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 303,4 milhões de toneladas. O resultado é 3,8%, ou 12 milhões de toneladas abaixo da safra obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas) e 1% menor (3,1 milhões de tonelada) do que a estimativa de dezembro de 2023. A redução reflete o impacto dos problemas climáticos ocorridos ao longo de 2023.

A área a ser colhida foi de 77,6 milhões de hectares, apresentando decréscimo de 0,3% frente à área colhida em 2023, declínio de 222,6 mil hectares. Em relação ao mês anterior, a área a ser colhida apresentou acréscimo de 189.770 hectares (0,2%). O algodão foi o único produto a apresentar recorde de produção.

Soja
O excesso chuvas no Rio Grande do Sul e os períodos de seca com temperaturas elevadas nas regiões Norte e Centro-Oeste, acabou atrasando o plantio da nova safra no ano passado, gerando queda nas estimativas nessas regiões e estados. A cultura mais afetada foi a soja que, com estimativa de 150,4 milhões de toneladas, decréscimo de 1% em relação ao que foi produzido em 2023, mesmo com um aumento na área plantada, o que mostra um declínio na produtividade bastante relevante, apontou o IBGE.

O gerente da pesquisa, Carlos Barradas, explica que os efeitos causados pelo fenômeno climático El Niño, caracterizado pelo excesso de chuvas nos estados da região Sul, e a falta de chuvas regulares, combinada com o registro de elevadas temperaturas na região Centro-Norte do país trouxeram, como consequência, uma limitação no potencial produtivo da soja em boa parte das unidades da federação produtoras, justificando a queda de 2,7% na quantidade produzida em relação ao último prognóstico apresentado.

Milho
O milho, com uma produção estimada de 117,7 milhões de toneladas, teve queda de 10,2% em relação a 2023 e alta de 0,7% em relação a dezembro. O produto também teve redução de 4,8% na área plantada, considerando os milhos de primeira e de segunda safras. “O problema do milho é que os preços estão bastante defasados, com uma rentabilidade muito baixa. Os preços da soja também vêm caindo. Já o arroz, por outro lado, pela primeira vez, nos últimos anos, teve um aumento de 3,1% na área plantada. Como o preço está bom, os produtores ampliaram a área de plantio”, diz Barradas.

Algodão
O algodão foi o único produto a apresentar recorde de produção, estimada em 8,2 milhões de toneladas, acréscimo de 9,4% em relação ao terceiro prognóstico. Em relação a 2023, as primeiras estimativas apontam para um aumento de 5,8% na produção, devido à previsão de uma maior área plantada (8,5%). Com essa previsão, será mais um recorde na produção de algodão (em caroço), lembrando que, em 2023, a produção também foi recorde quando atingiu 7,7 milhões de toneladas. “Com a redução da produção do milho de segunda safra, em função da baixa rentabilidade dos preços, os produtores preferiram apostar mais no algodão, que apresentou alta de 9,4% na produção e de 8,5% em área plantada”, observa o gerente do LSPA.

Café
Para o café, considerando as duas espécies, a estimativa é de uma produção de 3,5 milhões de toneladas, ou 59,1 milhões de sacas de 60 Kg, um acréscimo de 3,7% em relação a 2023. No ano passado, a produção já foi elevada, apesar de ter sido ano de bienalidade negativa. “Em 2024, a bienalidade é positiva, mas, pelo fato de já ter apresentado uma produção alta em 2023, o crescimento neste ano não deve ser muito expressivo. O café arábica deve somar 2,5 milhões de toneladas, aumento de 3,9% em relação ao ano passado. O café canéfora tem estimativa de produção de 1,1 milhão, alta de 3,4% em relação a 2023”, ressalta Barradas.

Duas das cinco regiões apresentam alta nas estimativas de produção: região Sul (12,5%) e Norte (0,4%), e variação anual negativa para as demais: região Centro-Oeste (-11,6%), Sudeste (-5,7%), e Nordeste (-5,8%). Quanto à variação mensal, apresentou crescimento a região Norte (3,4%); estabilidade a Sudeste (0,0%), enquanto as demais apresentaram declínios: Nordeste (-1,6%), Sul (-2,6%) e Centro-Oeste (-0,6%).

O Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 27,6%, seguido pelo Paraná (14,0%), Rio Grande do Sul (13,3%), Goiás (10,2%), Mato Grosso do Sul (8,8%), e Minas Gerais (5,9%), que, somados, representaram 79,8% do total.

 

Informações: IBGE


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