Sequestro de carbono pela cafeicultura de Rondônia pode ajudar na sustentabilidade local

Estudo da Embrapa verifica quantidade de carbono estocado nas áreas de cultivo de café

30/07/2023 às 08:15 atualizado por Nanda Martins* - SBA | Siga-nos no Google News
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Carbono sequestrado pela cafeicultura rondoniense pode comprovar a sustentabilidade do cultivo local. Estudo coordenado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) pode abrir portas de novos mercados para o produto, além de possibilitar ao agricultor o acesso a programas de pagamentos e a mais investimentos.

Denominado “CarbCafé - RO”, o projeto de pesquisa começou a medir a quantidade de carbono estocado nas plantações e no solo das áreas de cultivo de café em Rondônia.  O estudo prevê outros trabalhos inéditos, como o mapeamento das áreas cafeicultoras. As primeiras ações tiveram início entre maio e junho, com visitas a unidades produtivas de Cacoal (RO), para articular a participação dos agricultores.

Liderado pela Embrapa Territorial (SP), conta com a parceria da Embrapa Rondônia, dos Cafeicultores Associados da Região Matas de Rondônia (Caferon), do banco Sicoob, agente financiador com a Embrapa, e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Como analisa o pesquisador da Embrapa Carlos Ronquim, líder do projeto, os estudos de inventário e de estoques de carbono no solo e na fitomassa de cafeeiros em Rondônia conferem uma oportunidade estratégica para o setor. “Esse tipo de valoração ambiental cria referência ao consumidor, mostrando que o café amazônico pode ser produzido de forma sustentável, com qualidade, de origem comprovada, sem vínculo com o desmatamento, além de criar condições para o pequeno produtor se fixar na terra”, considera. 

A área do estudo é reconhecida como Matas de Rondônia, e compreende 15 municípios produtores de um café singular: o Robusta Amazônico. 

 

Conforme informa Juan Travain, cafeicultor e presidente da Caferon, atualmente, mais de 90% do café produzido no bioma Amazônia vem de Rondônia. “Quando falamos de cafeicultura em Rondônia, estamos falando de cafeicultura da Amazônia”, destaca. Travain estima que 70% da produção local vai para a indústria de café solúvel nacional. Uma parcela, ele complementa, alcança os portos com destinos a países na Ásia, Europa e América do Norte.

Os números da produção rondoniense começam a evoluir no cenário brasileiro. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) referentes a  safra 2022/2023 - apontam o estado como o quinto maior produtor de café do País, ocupando o segundo posto quando considerado somente o café canéfora. 

Atualmente, a cafeicultura local envolve mais de 10 mil produtores rurais, e a maior parte das plantações de café do estado são encontradas em pequenas propriedades rurais (com quatro hectares, em média).

Para o café cultivado na Amazônia, a pressão é o dobro, como enfatiza o presidente da Caferon. “Para vender o café produzido aqui, é preciso estar em consonância com as normas ambientais, não só as brasileiras, mas com aquelas na visão global”, ressalta.

Ele enxerga a pesquisa como uma oportunidade para refutar de vez a ideia de que a cafeicultura na Amazônia não é sustentável. “Queremos mostrar ao mundo que a cafeicultura de Rondônia é sustentável, de acordo com as normas de sequestro de carbono. Temos expectativa de que o nosso saldo seja positivo, e com esse estudo queremos provar”, declara.

Com informações e foto Embrapa
*Com supervisão de Thiago Gonçalves, jornalista. 


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