Equipamento portátil analisa qualidade do leite cru já no local de produção

Tecnologia aguarda parceria para licenciamento e comercialização

05/05/2023 às 12:09 atualizado por Thiago Gonçalves - SBA | Siga-nos no Google News
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Em fase experimental de validação, o equipamento portátil SondaLeite, tecnologia desenvolvida pela Embrapa com o apoio da iniciativa privada, usa feixes de luz para classificar o leite no local de produção como normal, Lina ou ácido. Essa é uma alternativa à carência de técnicas rápidas e confiáveis para avaliar a qualidade do leite cru.

Desenvolvido pela Embrapa Instrumentação (SP), em parceria com a Embrapa Clima Temperado (RS), com o apoio da Dairy Equipamentos, com sede em Curitiba (PR), o SondaLeite utiliza feixes de luzes para constatar, em 25 segundos, as diferentes condições do leite cru, se normal, Lina ou ácido.

A ferramenta é capaz de anular a interferência humana, incertezas e minimiza os prejuízos da cadeia leiteira, sobretudo aos  pequenos produtores. Em formato digital, o sistema permite acesso aos dados da análise de forma remota, via conexão Wi-fi (rede sem fio)

Com os resultados obtidos na fase experimental de validação, a tecnologia entra no processo de licenciamento para a iniciativa privada, a fim de que seja realizada a produção em escala e disponibilizada ao setor leiteiro uma maneira confiável de detectar a estabilidade do produto.

O caso mais crítico de identificação é o Lina, uma alteração na qualidade do leite devido à perda de estabilidade da caseína, principal proteína do leite. A instabilidade ocorre quando o leite submetido ao teste de álcool, também conhecido como Alizarol, talha. Ao coagular na presença da solução alcoólica, o leite instável é confundido com o leite ácido sem, no entanto, haver acidez elevada.

Agrishow

A tecnologia já tem patente concedida pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) desde 2021, está sendo apresentada no estande da Embrapa na Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), que começou em 1º de maio e vai até o dia 5, em Ribeirão Preto (SP).

O teste de álcool utilizado apresenta resultados subjetivos assim como outros falsos positivos ou falsos negativos para a acidez. Ele é realizado em cerca de três minutos, momentos antes da coleta do leite nas fazendas. Esse teste é realizado por determinação do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), para avaliar a qualidade do produto quanto à acidez e à estabilidade térmica, conforme preconiza a Instrução Normativa 76, de 26/11/2018.

Conforme a norma, antes da coleta nas unidades de produção, o leite deve ser agitado e passar pela prova do álcool na concentração mínima de 72 ºGL. O leite deve estar estável diante do teste, ou seja, não apresentar precipitação. Para que o leite seja aceito nas indústrias, é preciso uma composição química mínima de 3% de gordura, 2,9% de proteína e 8,4% de extrato desengordurado, e o produto deve ser estável ao álcool ou alizarol a 72%.

Os testes usados tradicionalmente estão sujeitos a falhas humanas por serem de decisão conforme a capacidade e experiência do analisador. Também apresentam pouca confiabilidade para estimar a estabilidade térmica do leite. Mesmo assim, são utilizados e empregados como critério para a tomada de decisão de captação ou não do leite antes mesmo de sair da propriedade rural.

O SondaLeite é uma ferramenta com potencialidade para eliminar a interferência humana, incertezas, minimizar os prejuízos da cadeia leiteira, especialmente aos pequenos produtores, e suprir a carência do mercado para detecção rápida do Lina.

O Lina tem sido um desafio para a bovinocultura de leite e não tem causa totalmente esclarecida. Muitos estudos associam o Lina a fatores nutricionais, deficiência nutricional, restrição alimentar, deficiência de energia, excesso de proteína associado à deficiência energética, excesso de proteína degradável no rúmen, deficiência de proteína metabolizável, acidose metabólica, acidose ruminal, alterações na dieta, vacas em estágio inicial ou final de lactação.

Cadeia do leite

De acordo com dados do Mapa, o Brasil tem mais de um milhão de propriedades produtoras de leite e é o terceiro maior produtor mundial, com mais de 34 bilhões de litros por ano. A produção é concentrada em 98% dos municípios brasileiros, com predominância de pequenas e médias propriedades. O setor emprega perto de 4 milhões de pessoas.

A Secretaria de Política Agrícola (SPA), do Ministério da Agricultura, estima que, para 2030, irão permanecer no campo os produtores mais eficientes, que se adaptarem à nova realidade de adoção de tecnologia, melhorias na gestão e maior eficiência técnica e econômica.

Com informações da Embrapa

Foto: Pixabay


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