Entidades e sindicatos criticam Selic em 13,75%

Manutenção da taxa foi anunciada nesta quarta-feira pelo Banco Central

23/03/2023 às 11:33 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A desaceleração da economia e as pressões de parte do governo não foram suficientes para que o Banco Central mexesse nos juros. Nesta quarta-feira (22), por unanimidade, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano, decisão que já era esperada pelos analistas financeiros.

Em comunicado, o comitê informou que o ambiente internacional se deteriorou desde a última reunião do órgão, com bancos nos Estados Unidos e na Europa em problemas e com a inflação na maioria dos países não cedendo. Na economia doméstica, a desaceleração continua, com a inflação acima do teto da meta. O texto menciona ainda as incertezas em relação ao futuro arcabouço fiscal em elaboração pelo governo, mas elogia a recente reoneração parcial da gasolina e do etanol.

“Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”, destacou o comunicado. “Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas”, finalizou.

A taxa permanece no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a quinta vez seguida em que o Banco Central não alterou a taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado. Antes, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.

Críticas

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A manutenção da Selic no mesmo patamar gerou críticas por parte das entidades do setor produtivo, que acreditam que a medida manterá o crédito caro e atrasará a recuperação da economia.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) classificou a decisão como “equivocada” e que o cenário atual da economia indicava que o Copom deveria ter começado a reduzir a Selic nesta reunião. “A CNI espera que esse processo de redução da Selic se inicie na próxima reunião. A confederação acredita que a manutenção da taxa de juros é, neste momento, desnecessária para o combate à inflação e apenas traz custos adicionais para a atividade econômica”, destacou o comunicado.

Em nota, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) reiterou que a manutenção do elevado patamar da Selic tem imposto severos sacrifícios à atividade econômica e representado entrave para as condições de crédito, prejudicando os investimentos das empresas e o consumo das famílias. “A Firjan ressalta que, com a intensificação das incertezas globais, torna-se urgente a adoção de uma forte coordenação das políticas fiscal e monetária. Não há mais espaço para atalhos. A concretização de um novo arcabouço fiscal e a aprovação reformas estruturais contribuirão para ganhos de competitividade e para a adoção de medidas necessárias para o desenvolvimento econômico e social”.

As centrais sindicais que protestaram nos últimos dias contra os juros altos, também criticaram a decisão do Banco Central. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) repudiou a decisão. Para a entidade, a manutenção dos juros “revela uma completa submissão do Copom aos interesses dos rentistas e um evidente boicote do presidente do BC ao esforço de todos e todas que trabalham pela retomada do crescimento da economia”.

A Força Sindical emitiu nota em que classifica os juros atuais como “extorsivos”, que sufocam a produção, o consumo e a geração de empregos. “Mais uma vez o Copom [Comitê de Política Monetária] do Banco Central frustra os trabalhadores (as), e se curva aos especuladores. Tragicamente, também em nosso país estamos reféns dos poderosíssimos interesses dos rentistas. A manutenção da taxa em 13,75% ao ano é um verdadeiro prêmio aos especuladores e uma extorsão para os brasileiros e o setor produtivo”, ressaltou.

Com informações da Agência Brasil


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