Interdições na BR-277 podem causar prejuízo bilionário ao agronegócio paranaense

Estado já enfrenta dificuldade para escoamento da soja e alternativas são caras

19/03/2023 às 14:13 atualizado por Daniel Catuver - SBA | Siga-nos no Google News
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Foto: Divulgação/Defesa Civil Paraná

Nos últimos meses, as estradas que cortam o Paraná têm registrado diversas ocorrências de caos, principalmente na ligação Curitiba-Paranaguá, via BR-277. Esse trecho da rodovia já foi interditado de forma total ou parcial por diversas vezes por conta de barreiras, rachaduras na pista e risco de desmoronamento.

Este cenário tem potencial para causar prejuízo bilionário ao agronegócio estadual. De acordo com um cálculo realizado pelo DTE (Departamento Técnico e Econômico), do Sistema Faep/Senar-PR, considerando apenas a logística da soja, caso o escoamento tenha que ser feito pelo Porto de Santos (SP) o gasto poderá passar de R$ 600 milhões. A projeção leva em conta o cenário de interrupção total da BR-277, única estrada que comporta o tráfego de cargas pesadas até o Porto de Paranaguá. Neste caso, a produção teria que sair por outro complexo portuário.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O frete de caminhão de sete eixos, com capacidade para 57 toneladas, custa R$ 4,86 por saca no trajeto Cascavel-Paranaguá, que totaliza 600 quilômetros. Já no itinerário Cascavel-Santos, que possui distância de 1.000 quilômetros, o frete sai a R$ 7,73 por saca, quase 60% mais caro. “Já partiríamos de uma logística com prejuízo elevado ao setor produtivo, por conta do frete maior”, destaca o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.

Segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná, a projeção da colheita de soja em 2022/23 é de 21 milhões de toneladas. Baseado nas médias históricas, o estado deve exportar 15,7 milhões de toneladas, sendo 12,6 milhões por rodovia e 3,1 milhões por ferrovia. Se todo esse volume deixasse de sair por Paranaguá, por uma interdição total da BR-277, o prejuízo seria na ordem de R$ 602,7 milhões somente pelo custo de frete a mais até Santos.

Vale destacar que o Paraná é um grande exportador de outras commodities, ocupando o primeiro lugar nas vendas externas de frango e o terceiro nos embarques de carne suína, cadeias que também seriam impactadas diretamente pelos problemas na BR-277.

Cenário atual

Foto: Divulgação/Minfra

De acordo com a Faep/Senar-PR, o estado paranaense já enfrenta perdas significativas com a produção de soja e dificuldade em escoar pelo Porto de Paranaguá. Mesmo quem consegue chegar ao complexo, também amarga prejuízos devido às taxas de incentivo (ágio) ou desincentivo (deságio) ao transporte de determinadas mercadorias adotadas pelos portos. Para se ter uma ideia, nesse momento, para embarcar a oleaginosa pelo complexo portuário do Paraná, o deságio (desconto) praticado está na ordem de R$ 1,15 por saca, o que representa um prejuízo de R$ 241,31 milhões, caso seja aplicado às 15 milhões de toneladas de soja que devem ser exportadas.

O cálculo para chegar ao ágio ou deságio no porto envolve diversos fatores, como condição climática, estado dos equipamentos usados no complexo e também as dificuldades para se chegar ao porto. “O trecho da BR-277 na Serra do Mar tem apresentado bloqueios totais e parciais constantemente, o que dificulta o escoamento das cargas. Se a situação piorar, isso pode contribuir também para a aplicação de deságios maiores, mais uma penalização que leva uma parte do lucro dos paranaenses a escorrer pelo ralo”, finaliza Meneguette.

Com informações do Sistema Faep/Senar-PR


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